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Opinião

Instituições inclusivas: portal da riqueza partilhada

CONVIDADO

Angola se liberte das estruturas extrativas e abrace nova era, onde o crescimento ressoe em cada ondjango...tocando não só as elites, mas todos os angolanos que sonham com um futuro de partilha e prosperidade

Ergue-te, ó Angola, solo fértil de insondáveis riquezas e enigmáticos mistérios! As brisas do saber económico, carregadas da erudição dos laureados do Prémio Nobel da Economia de 2024 - Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson - trazem-nos um cântico de reflexão, uma ode à força renovadora das instituições inclusivas. Para estes magistrais mestres, o verdadeiro esteio da prosperidade encontra-se na disseminação das oportunidades e na pulverização do poder, para que a abundância floresça, não para um punhado de eleitos, mas para todos os que comungam o solo angolano.

Este artigo desvela a epopeia económica de Angola, desde o momento inaugural da sua independência, em 1975, até ao presente ano de 2024. Nele ressoam as lições imorredouras dos sábios, que ecoam as vicissitudes da nossa pátria amada. Angola, forjada sob o jugo de instituições extrativas, viu-se agrilhoada a estruturas que destilam riqueza para poucos, enquanto muitos permanecem na penumbra, aguardando o advento de uma promessa de abundância que tarda em chegar. Sob o domínio de tais instituições, a nossa economia oscilou entre o esplendor e a aridez, revelando a volubilidade de uma riqueza tecida à sombra do ouro negro.

Instituições inclusivas:

O ALICERCE DA JUSTIÇA E DA PROSPERIDADE IMORREDOURA

As instituições inclusivas, amplas e de horizontes generosos, entretecem o futuro de uma nação com os fios da justiça, da partilha e da dignidade, concedendo a todos os filhos de Angola uma parcela do destino comum: o sonho angolano! Ao contrário, as instituições extrativas assemelham- se a borrascas: despejam riquezas efémeras sobre uns poucos e deixam um lastro de desigualdade, fragilidade e desarmonia. A mensagem dos laureados de 2024, entrelaçada com os anseios do povo angolano, incita-nos a erguer uma pátria sobre o alicerce das instituições inclusivas, para que Angola não seja apenas um país rico, mas uma nação verdadeiramente próspera.

Para uma Angola cuja economia repousa há demasiado tempo sob o peso do petróleo, o desafio transcende a mera diversificação económica: é necessário democratizar o próprio cerne da riqueza. Em 2023, o petróleo persiste como um gigante monolítico, sustentando 50% do PIB e 70% das exportações, um domínio que expõe as limitações de uma estrutura onde a ampla participação é sacrificada. Este cenário lembra-nos do que poderia ser diferente: uma Angola onde o poder económico se ramifique, onde o campesino e o jovem empreendedor tenham as mesmas oportunidades que o magnata das extrações.

Os números como cânticos de esperança:

UM ROTEIRO DE 1975 A 2024

Se os números falassem, eles entoariam epopeias sobre as décadas de avanços e retrocessos de Angola. Em 1975, o petróleo já compunha 85% das exportações e 45% do PIB. Os anos subsequentes consolidaram e ampliaram essa dependência, atingindo 90% das exportações em 1980. Contudo, o crescimento económico, entre 1980 e 1990, revelou-se exíguo, com uma taxa média de apenas 1,0% . Nos anos de ascensão dos preços do petróleo, entre 2000 e 2010, a economia angolana floresceu com um crescimento médio de 3,5% ao ano ; no entanto, a pobreza manteve-se imperturbável, com 55% da população em condições de precariedade .

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