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Opinião

Investidores

EDITORIAL

Temos de nos preocupar seriamente em atrair para o País os grandes investidores, sejam grupos económicos ou financeiros, sejam fundos de investimento credíveis e reconhecidos internacionalmente, ou mesmo instituições conhecidas pela sua transparência. Já repararam que as grandes marcas estão no nosso mercado por via de distribuidores e, tirando uma ou outra excepção, não entram directamente como acontece em alguns dos países nossos vizinhos.

A questão da venda da quota do BPI no BFA levanta uma questão com a qual nos devemos preocupar. Afinal quem é que quer investir em Angola? Quem são aqueles que pegam no seu dinheiro, acreditam no País e vêm correr riscos com os angolanos? Não estou a falar dos que vêm ao abrigo de linhas de financiamento, onde o risco é muito baixo e onde o País, demore mais ou menos tempo, acaba por pagar. Mas dos que utilizam as suas próprias poupanças, porque acham mesmo que o nosso é um País de futuro, onde existem condições para obter lucro, e que o seu investimento está seguro.

Já insistimos várias vezes que grande parte dos investimentos estão a ser feitos por adjudicação directa e a quatro grupos - Mitrelli, Gemcorp, Omatapalo e Carrinho - que hoje têm uma actividade transversal em diversos sectores, "estão em todas", como dizem os técnicos. Mas será que existem outros que, com esta realidade actual, estão interessados em investir? Será que existem condições para alguém fora deste "grupo", que naturalmente tem ligações privilegiadas na estrutura de decisão, também se sinta confortável em investir? Não estou a falar de pequenos negócios naturalmente, onde mantemos alguma diversidade de investimento, devido à forma informal como fomos construindo o sistema produtivo, e que vai desaparecendo porque as instituições oficiais também já estão mais organizadas.

Temos de nos preocupar seriamente em atrair para o País os grandes investidores, sejam grupos económicos ou financeiros, sejam fundos de investimento credíveis e reconhecidos internacionalmente, ou mesmo instituições conhecidas pela sua transparência. Já repararam que as grandes marcas estão no nosso mercado por via de distribuidores e, tirando uma ou outra excepção, não entram directamente como acontece em alguns dos países nossos vizinhos. Mas definitivamente temos de mudar esse discurso de que somos um País rico e que todos querem investir em Angola. Inchamos o ego, não mudamos comportamentos, os mesmos são os mesmos, o País não se desenvolve e depois abrimos garrafas de champagne quando o PIB cresce 3%, curiosamente o mesmo que o aumento da população. Pensem comigo. Porque é que raramente as instituições oficiais ou a sua comunicação social pública aborda o crescimento económico sob a perspectiva do PIB per capita?

Isto tudo para concluir que, contrariamente ao que se tenta passar, os investidores não se sentem muito seguros no nosso País. Temos de alterar este paradigma, porque senão continuamos a pagar o investimento a preços perfeitamente absurdos a esses que são sempre os mesmos. Admitir que temos de diversificar, não apenas a economia, mas também o capital, é o primeiro passo. Dividir para não depender. Distribuir para combater práticas menos próprias.