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Opinião

O sofrimento dos angolanos continua em alta

CHANCELA DO CINVESTEC

Com a divulgação da Folha de Informação Rápida (doravante FIR) sobre o mercado de trabalho referente ao II trimestre, estamos mais uma vez em condições de calcular o chamado "Índice de Sofrimento Económico".

Para relembrar aos nossos leitores, trata-se de um índice inventado pelo economista norte- americano Arthur Okun (professor na Universidade de Yale e membro do Conselho de Consultores Económicos do Presidente norte-americano Lyndon B. Johnson) nos anos 70, enquanto pesquisador do Brookings Institution. Este índice é considerado não oficial e tem sido criticado por não incluir dados relacionados com o crescimento económico.

Outra crítica, como já explicámos na vez passada, tem a ver com o facto deste índice ser muito mais usado em períodos de crise do que naqueles períodos em que as coisas estejam bem. Contudo, é preciso compreender que para medir o desempenho da economia já existem outros indicadores, este índice visa tão somente medir a "dor sentida pelo cidadão", para que a governação coloque no topo das prioridades a redução da inflação e do desemprego (as principais variáveis medidas neste índice).

Os dados da FIR mostram um alto desemprego, 32,4% no I trimestre e 32,3% no II trimestre. A taxa de informalidade, segundo a FIR, teve uma redução passando de 79,8% no I trimestre para 78,4% no II trimestre.

Um outro dado positivo foi a redução do desemprego juvenil (dos 15 aos 24 anos de idade) em 7,1 pontos percentuais (pp), saindo de 63,5% no I trimestre para 56,4% no II trimestre. Quanto à inflação, apesar de se verificar uma desaceleração na inflação mensal, saindo de 2,61% em Abril para 2,07% em Junho, a inflação homóloga continuou a crescer, saindo de 21.99% em Janeiro para 31% em Junho.

Estes dados fazem-nos concluir que no II trimestre a economia angolana continuou a ter um desempenho muito aquém do esperado, consequentemente verificamos um aumento de 4,8 pp no "sofrimento económico" dos angolanos, saindo de 58,5% para 63,3%, conforme vemos no Gráfico 1.

Apesar do sofrimento económico ser generalizado entre os angolanos, ele acaba por ser desigual quando comparamos os hmens versus as mulheres. Os dados no Gráfico 2 mostram que o sofrimento económico das mulheres em Angola teve um aumento de 7,71 pp no II vs I trimestre, enquanto que o dos homens subiu apenas 1,7 pp. Estes números mostram que a governação precisa fazer mais para que as mulheres possam ter um melhor acesso ao mercado de trabalho.

Edição 794 do Expansão, de sexta-feira, dia 20 de Setembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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