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Perigos

Editorial

Obviamente que hoje o sistema é muito confuso. Quando falamos de economia formal mantemos um modelo centralizado, em que o Estado interfere constantemente na vida das empresas, directa e indirectamente, que escolhe a quem entrega as oportunidades de negócio e que, na verdade, não deixa o mercado actuar. Quando olhamos para a economia informal, estamos perante um quase capitalismo selvagem, sem regras e sistemas de controlo, em que cada um se vale exactamente pelo valor que tem a cada momento. Pela oportunidade.

O crescimento de 4,6% no PIB no I trimestre deve deixar-nos mais optimistas mas devemos tentar perceber o fenómeno para que não se tirem conclusões precipitadas. Estamos a comparar os três meses deste ano com os primeiros três de 2023, um período em que o sector petrolífero teve uma quebra na produção e na receita, o que leva a que agora, a funcionar dentro dos parâmetros habituais, tenha tido um crescimento de aproximadamente 7%, exactamente porque a base era mais baixa. E é isto que impacta, em mais de 1,5%, nestes 4,6%. Ou seja, se nos primeiros três meses do ano passado o sector petrolífero tivesse tido um comportamento normal, estaríamos a falar agora de um crescimento do PIB à volta dos 3%.

Não quero parecer uma "ave de mau agoiro", mas acho importante que entendamos que este não é ainda um motivo para lançar foguetes, esse momento deve acontecer quando estivermos a crescer a dois dígitos, com a Agricultura e a Indústria a suportarem esse incremento. Esse, sim, será o sinal de que nos estamos a desenvolver, com sectores como os Transportes, Telecomunicações ou a Construção a contribuírem solidamente para este indicador. Isto, sim, quer dizer, que estamos a desenvolver-nos, a crescer, a gerar riqueza.

Existe uma questão que temos de resolver, que é não ter medo de sermos grandes como um todo, não recear o crescimento dos nossos cidadãos, seja ela económico, social ou intelectual, nem achar que estes se tornam uma ameaça só porque são mais sólidos. Não podemos pensar que se nós, os nossos amigos ou os nossos familiares não conseguem, então mais ninguém pode conseguir. Muitas das decisões erradas de controlo da economia têm a ver com essa mania de quer escolher quem tem direito a crescer na sua actividade, na esperança vã que é possível controlar tudo e por todo o tempo.

Obviamente que hoje o sistema é muito confuso. Quando falamos de economia formal mantemos um modelo centralizado, em que o Estado interfere constantemente na vida das empresas, directa e indirectamente, que escolhe a quem entrega as oportunidades de negócio e que, na verdade, não deixa o mercado actuar. Quando olhamos para a economia informal, estamos perante um quase capitalismo selvagem, sem regras e sistemas de controlo, em que cada um se vale exactamente pelo valor que tem a cada momento. Pela oportunidade.

O que não deixa de ser curioso é que temos grupos económicos que actuam tranquilamente nos dois lados, engordam e crescem, e aqueles que julgam que podem controlar tudo isto, acabam também por serem "devorados" por este sistema. E, sem regras, o poder concentra-se na mão de meia dúzia de pessoas, que estarão dispostas a fazer tudo para o manter. E isso torna-se muito perigoso para todos os outros.

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