Só 19 universidades africanas estão entre as 1.000 melhores do mundo
Dos 54 países africanos, apenas cinco têm universidades que fazem parte das melhores do mundo. Académicos apontam que este número representa um alerta para os decisores relativamente aos investimentos que os países fazem a nível do ensino superior.
África do Sul, Egipto, Tunísia, Marrocos e Gana são os únicos países africanos com universidades no Academic Ranking of World Universities, conhecido como Ranking de Shanghai, que, anualmente, lista as 1.000 melhores universidades do mundo.
No total são 19 universidades. Oito da África do Sul (universidade de Stellenbosch (500ª posição), Joanesburgo (500ª), Kwazulu-Natal (600ª), de Pretória (600ª), do Noroeste(700ª), da África do Sul (600), Cidade do Cabo (300ª) e do Witwatersrand (400ª).
O Egito também está com oito universidades nas melhores do mundo, nomeadamente, Universidade de Ain Shams (500ª posição), de Mansoura (500ª), Al- -Azhar, Zagazig (600ª), do Canal do Suez (700ª), de Tanta (600ª), de Alexandria (300ª) e do Cairo (400ª). Os restantes países estão presentes com apenas uma universidade cada, como Marrocos com a Universidade de Hassan II, de Casablanca (500ª), Tunísia com a Universidade Tunis El Manar e Gana com a Universidade de Gana (ambas na 500ª posição).
O ranking tem três tipos de classificações. As que estão nas 100 melhores, onde não consta nenhuma instituição africana, nas 500 melhores, consta Egipto com uma e África do Sul com quatro e no top 1.000, onde constam 19 universidades.
A Universidade Harvard lidera a lista de classificações pelo 22.º ano, seguida por Stanford (2ª posição) e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) (3ª). Outras 10 principais universidades são Cambridge (4ª), Berkeley (5ª), Oxford (6ª), Princeton (7ª), Caltech (8ª), Columbia (9ª) e Chicago (10ª). Os critérios são a qualidade de educação, qualidade do corpo docente, produção de pesquisa e o desempenho académico por pessoa de uma instituição. As universidades são classificadas por vários indicadores de desempenho académico ou de pesquisa, para cada indicador, a instituição com maior pontuação recebe uma pontuação de 100.
Decisores devem repensar os investimentos para o ensino
A posição das universidades africanas no Academic Ranking of World Universities, ou Ranking de Shanghai, para a vice-Reitora para os Assuntos Académicos da maior universidade do País (UAN), Fernanda Benedito, representa um alerta para os decisores relativamente aos investimentos que os países fazem a nível do ensino superior. Portanto, tudo isto tem a ver com a questão do orçamento, primeiro,.
A académica entende que, além desta questão dos investimentos ou do orçamento, também está relacionado com a questão da organização e gestão das próprias universidades, porque, para estar neste ranking é preciso também estar em condições de mostrar ou de partilhar ou comunicar aquilo que se faz na instituição, ou seja, dar visibilidade ao trabalho que é realizado.
O professor de Matemática Aplicada, Pedro Grilo, vira para Angola e aponta que no País existe uma cultura das universidades não acompanharem os seus alunos após a formação, sendo um factor importante em termos de pontuação e prestígio de cada instituição.
"Muitas instituições não sabem onde estão os seus formandos e este factor é importante porque acrescenta valor à instituição. Por exemplo, no ranking o número de ex-alunos de uma instituição que ganhou prémios Nobel ou medalhas são importantes, então é preciso esse acompanhamento", defende.
Pedro Grilo partilha da opinião de Fernanda Benedito e sublinha que é necessário investimento e melhoria das infra-estrutura, porque não se admite que, em pleno século XXI, ainda existam instituições que tenham salas de aulas em contentores ou em espaços alugados.