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Universidade

Falta de rigor científico abre porta a fraudes e plágio nas universidades

COMPRA DE MONOGRAFIAS É DAS FRAUDES MAIS COMUM

Estudantes e professores são os principais visados nos actos de fraude e plágio nas universidades. Jurista explica que estes actos podem ser considerados crime. Académicos sugerem criação e reforço de regulamentamos internos ou códigos de condutas fortes que levem a refletir sobre estas acções.

A falta de rigor científico por parte de instituições de ensino superior no País está a abrir a porta a um conjunto de fraudes académicas praticadas por estudantes e até mesmo pelos próprios professores, de acordo com uma pesquisa do Expansão junto de estudantes de várias universidades.

Entres as fraudes mais comuns, e conhecidas de perto pelos gestores das instituições de ensino superior, estão a compra de monografias e o plágio para a abstenção do tão sonhado grau de licenciado ou mestre.

Aliás, pode ser apontado como exemplo o caso que ocorreu, esta semana, na Universidade Metodista de Angola, onde foi detectado plágio nos trabalhos de 80 estudantes finalistas que apontam o professor como possível responsável pelo facto de ser o orientador de todos os estudantes visados.

Outra situação de fraude, por exemplo, são as cobranças extras feitas pelos professores a estudantes pela orientação, mesmo sendo direito dos finalistas ter um orientador disponibilizado pela instituição.

Os estudantes do primeiro ano do curso de enfermagem, do Instituto Superior Politécnico Deolinda Rodrigues, contam que alguns docentes delegam trabalhos escolares, para avaliação contínua, mas os mesmos são obrigados a pagar directamente ao próprio professor que elabora o trabalho ( já com metade da nota garantida).

Para os que decidirem fazer por conta própria, como deveria ser, são automaticamente penalizados e proibidos de cometer a mínima falha, que pode resultar na anulação do trabalho.

Há ainda casos de professores que cobram, na época de prova, entre mil a dois mil Kz para dar explicações (na maior parte das vezes dentro das instalações da instituição de ensino) onde acabam por dar antecipadamente as questões e as respectivas respostas das provas realizadas.

Além de professores que enviam para o recurso quase uma turma, porque têm uma porcentagem do valor pago pelos estudantes para ter acesso à prova de recurso. Há ainda os casos de professores que publicam livros e que obrigam todos os estudantes a adquiri-los, porque se torna o principal material de estudo em sala de aula.

Para o decano da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (UAN), Redento Maia, a academia não se faz com fraude seja qual for o tipo de fraude. Desde a cópia numa prova, ao plágio de uma monografia deve ser duramente sancionado e reprovado a todos os níveis.

"Por exemplo, na nossa instituição, quando é detectado uma fraude, o estudante fica suspenso por um período mínimo que vai de seis meses a dois anos. E, dependendo da gravidade, o reitor da universidade tem a competência de expulsar alguém que esteja metido em fraudes académicas".

Quanto aos actos dos professores, o académico admite que é claramente uma fraude e que estraga o bom nome da classe docente, portanto, um professor deve ser responsável e coerente em tudo que faz.

Para o jurista Benja Satula, existem vários tipos de fraudes que podem ser crime ou não, mas fraude do trabalho científico já se pode configurar como um crime, porque começa a entrar na categoria de plágio, por ser uma falta declaração, porque a pessoa que plagiou vai tomar como dela coisas que não são, um mérito que não teve no acto da investigação.

Leia o artigo integral na edição 754 do Expansão, de sexta-feira, dia 8 de Dezembro de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)