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"Dói a cegueira política do Estado para com o cidadão"

TONI NGUXI

É mais conhecido por emprestar a voz à música, mas é também jornalista, locutor, escritor e produtor de conteúdos audiovisuais. Tem dois livros escritos, a aguardar publicação. A ausência de política para a cultura incomoda-o e afastou-o dos palcos. Fenómeno que afinou a sua voz crítica para com o poder político.

O que tem estado a fazer?

Tenho estado a dar continuidade à vida, com o maior prazer, rigor, disciplina e dedicação.

Enquanto produtor de audiovisuais, sabemos que tem alguma coisa na forja. Quer partilhar o que se trata e quando será lançado?

Em termos audiovisuais, tenho estado focado no projecto "Weza Angola Imoshi", e toda a sua componente de pesquisas, estudo, tratamento e divulgação. Estamos a preparar a 3ª temporada para a sua divulgação na TPA. O tratamento resume um conjunto de derivados documentais, incluindo, e não limitado à cinematografia e teses académicas.

Como decorre o processo?

Este processo encaminhou-me a membro da Assembleia Geral da Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto, desde 3 de Junho de 2022, para um mandato de 5 anos. Estou engajado com toda a equipa da Fundação AKWAFRICA, para concebermos uma agenda académica que produza as expectativas criadas à volta de todo o trabalho que tem sido desenvolvido, além da produção e edição do filme "Ngola- O legado de Kilwanji Kya Samba", que será antecedido do livro com o mesmo título em Banda Desenhada, já em sua fase de edição.

O filme é resultado das pesquisas?

Absolutamente.

É sobretudo angolano ou vai particularizar com referências da zona leste?

"Ngola Kilwanji Kya Samba" é profundo, nem a Lunda, o Kongo, o Ndongo, o Bailundo, o Kwanyama, o Tswana, o Monomotapa e o Zulu, concluem a dimensão do trabalho de "Kilwanji Kya Samba", um Ngola que pouco dimensionamos. Por isso, compreendo a sua pergunta quando quer saber se é um filme angolano ou particularizado a leste. Quando se trata de Ngola Kilwanji Kya Samba", o leste e o oeste fundem-se com o norte o sul, e encontramos, sim, os laços que nos unem... Imoshi.

Como escritor, depois de "Mahamba - Verdade, Paz, Tempo e Lugar", em 2007, não voltou a publicar? Ficou-se por aí?

Sairão duas obras literárias da minha autoria este ano, dependendo da Mayamba Editora, que tem esta responsabilidade. As duas foram escritas no período de 2007 a 2017. Por isso, não fiquei por aí, como dirige gentilmente a sua pergunta. Continuo a escrever e não só, como deve saber, obras literárias, mas também documentários e cinema. Portanto, sempre e constantemente escrevo. É uma das artes que não dispenso, nem um dia sequer passo sem um poema, para simplificar a minha paixão pela escrita.

Como anda o lado jornalista?

Está bem activo, pese embora emprestado à pesquisa. É um excelente casamento e produz bons resultados sociais. Tenho boas memórias da minha vida radiofónica na África do Sul, com o programa "Angola no Coração". Adoro fazer rádio, mas a última vez que fiz rádio foi no Moxico, enquanto presidente da UNAC - SA Moxico, e coordenador regional leste da organização, em 2013. Criámos um programa radiofónico, denominado "Convívio UNAC", apresentado por mim e pela minha esposa, Maria Joaquim Muabi. Porém, quando tivemos de sair do Leste, tivemos de focar-nos em televisão e dar continuidade ao "Weza Angola Imoshi", com obrigações junto à SADC.

O que o levou a abandonar os palcos, como artista?

A falta de produtores, de agentes, de distribuidores, de promotores, a falta de logística, mercado a grosso e a retalho. A falta de quase tudo. A falta de uma indústria conivente com a sua componente essencial, nomeadamente os seguros e a banca. A falta de coerência nas políticas do Estado para com a riqueza cultural do país e a ausência de respeito pela execução da transformação cultural em produto consumível, algo que só o artista é capaz de executar.

(Leia o artigo integral na edição 684 do Expansão, de sexta-feira, dia 22 de Julho de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)