Angola mais distante da "nota positiva" no ranking da percepção da corrupção
Apesar de manter o mesmo lugar do ano anterior, o País perde um ponto face a 2023, de acordo com o relatório de 2024 da Transparência Internacional. Curiosamente, o ano em que Angola entra para a lista cinzenta do GAFI, por deficiências no controlo à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.
Angola mantém-se na 121ª posição do Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2024 da organização Transparência Internacional, apesar de ter perdido um ponto face a 2023. Os pontos registados por Angola mantém o país como "aluno de nota negativa" (menos de 50 pontos) neste ranking que avalia 180 países e que é a principal referência global de corrupção no sector público.
De acordo com o relatório divulgado esta semana, Angola apresenta 32 pontos, contra 33 verificados em 2023, numa escala de 0 a 100, em que 100 é percepcionado como muito transparente e 0 como muito corrupto.
É a primeira vez desde 2015 que o País perdeu pontos neste ranking, e acontece precisamente num ano em que Angola entrou para a lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira (GAFI), o que reflecte as dificuldades que o País tem em monitorizar de forma efectiva os fluxos financeiros, sobretudo no que se refere ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo. Ainda assim, e apesar de estar longe dos 50 pontos que, na prática, são o limiar dos resultados positivos, Angola está hoje muito longe dos lugares que ocupava no final da governação de José Eduardo dos Santos, em 2017, quando ocupava o lugar 167 com apenas 19 pontos.
A nível global, o Índice de Perceção da Corrupção 2024 revelou uma tendência de estagnação e retrocesso no combate à corrupção, com a média global dos 180 países a ser de 43 pontos, em que mais de dois terços dos países registaram pontuações abaixo dos 50 pontos. De acordo com o relatório, as democracias plenas têm um IPC médio de 73 pontos, enquanto as democracias com falhas têm uma média de 47 e os regimes não democráticos apenas 33. Angola está, assim, dentro do que a Transparência Internacional classifica de regime não democrático.
Entre o continente africano, apenas cinco em 54 países têm nota positiva, ou seja acima dos 50 pontos, com o "melhor aluno" a ser, mais uma vez, as Seicheles (72 pontos e 18.º lugar no ranking geral), seguido de Cabo Verde (62 pontos), Botsuana (57 pontos), Ruanda e Maurícias (51 pontos). No ranking africano, Angola ocupa a 25ª posição, com nota negativa, com os piores alunos a serem o Sudão do Sul (8 pontos), Somália (9 pontos) e Líbia, Guiné Equatorial e Eritreia (13 pontos cada um). Já na região da África subsaariana, Angola ocupa a 10ª posição, apenas à frente da Eswatini, Madagáscar, Moçambique, Comores, Zimbabué e RD Congo. A região até melhorou os seus índices de percepção da corrupção, já os 16 países registaram uma pontuação média de 37 pontos, acima dos 33 verificados em 2023.
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