Terminal do Kilamba precisa de 130 anos para recuperar o investimento
Novo gestor do terminal do Kilamba, a MD Freitas & Filhos, vai arrancar as operações a partir de Maio. O Estado vai receber 3 milhões Kz de renda fixa mensal durante 10 anos. O terminal custou 4,7 milhões USD, a câmbio de hoje 4,3 mil milhões Kz, pelo que serão precisos 130 anos para recuperar o investimento.
O contrato de concessão para a exploração, gestão e manutenção do terminal Rodoviário de Passageiros do Kilamba, assinado entre o Governo e a empresa MD Freitas & Filhos vai garantir uma renda fixa mensal de apenas 3 milhões Kz, um acordo que vai vigorar durante 10 anos, além de 18 milhões Kz que foi pago, inicialmente, pela cessão de direito de exploração. No total a empresa vai pagar 370 milhões Kz neste período.
Recordar que a obra custou 4,7 milhões USD, ao câmbio de hoje, cerca de 4,3 mil milhões Kz, o que significa que para recuperar este investimento, tendo com base este contrato, seriam necessários mais de 130 anos para o pagar. Mas é necessário acrescentar que o erro foi a sua construção nos moldes em que foi feito, pelo preço que custou, sem que se tivesse acautelado as condições necessárias para que pudesse funcionar normalmente, e não a celebração deste contrato. Porque de forma objectiva, ou alguém pegava no imóvel, ou ela acabava por se degradar totalmente, tal como aconteceram com outras infraestruturas megalómanas que foram feitas no País.
O terminal rodoviário do Kilamba foi apresentado como um dos projectos mais importante na mobilidade interprovincial, em Junho de 2022, altura da sua inauguração. Jorge Bengue, secretário de Estado para os transportes terrestres, disse na altura que, "o terminal rodoviário foi construído para oferecer mais dignidade aos passageiros interprovinciais e aliviar o trânsito urbano em Luanda", visto que albergaria (albergará) "grande parte do fluxo de embarque e desembarque dos viajantes das províncias que têm conexões terrestres directa ou indirecta à capital País".
Os operadores do sector já tinham afirmado que a infra-estrutura seria um "enteado problemático", ou seja, tinha sido mal projectado, não tinha acessos para que os passageiros pudessem lá chegar, que faltavam zonas básicas, etc. . Refira-se que o terminal já tinha sido oferecido a outras companhias, que recusaram pelas condições que na altura tinham sido exigidas.
Agora parece que, finalmente, encontrou amparo, já que a empresa MD Freitas & Filhos começou a dar um novo fôlego à infraestrutura, não sendo garantido ainda o sucesso da empreitada.
"Estamos a fazer pequenas obras de reparação no terminal. Até próximo mês vamos abrir se tudo correr bem. Já contactámos três operadores para se juntarem ao terminal, mas ainda não nos responderam", disse ao Expansão Mário Domingos Freitas, dono da empresa que não avançou mais dados. Segundo o empresário dos transportes do Huambo, a empresa vai também operar no terminal, o que significa, que mesmos que as empresas declinem o convite, a operação do terminal está, inicialmente, garantida.
Os "novos" donos não tem o peso das obrigações de uma gestão anterior, já que o terminal nunca funcionou, o que vai permitir fazer uma gestão de recursos à medida para garantir a viabilidade económica da infraestrutura.
À nova gestão não caberá apenas a exploração, gestão e manutenção do terminal rodoviário de passageiros de Luanda, mas também garantir o "funcionamento eficiente das infra-estruturas de transporte de passageiros para múltiplos operadores de transporte rodoviário interprovincial e urbano, garantindo deste modo o cumprimento dos requisitos operacionais e de segurança para a prestação de um serviço eficiente e de qualidade aos passageiros", de acordo com o contrato de concessão.
Localizado ao lado do Pavilhão Multiuso do Kilamba, o terminal possui uma área construída de 13.764 m - equivalente a aproximadamente a dois campos de futebol. A sua estrutura inclui dez baías para embarque e desembarque, oito espaços para estacionamento de autocarros, duas cabines de controlo, seis bilheteiras e uma área de espera com capacidade para cerca de 200 pessoas. Mas falta um parque com dimensão para parquear os autocarros durante a noite.
Leia o artigo integral na edição 821 do Expansão, de sexta-feira, dia 11 de Abril de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)