Biden em Angola com o coração no Lobito e olhos na defesa e segurança
Assessora do presidente norte-americano garantiu durante a semana que o País pode "contar com um anúncio importante sobre a cooperação no sector da segurança", incluindo o "reforço da paz e da segurança no leste da República Democrática do Congo", entre outras iniciativas.
A primeira visita oficial de um presidente norte-americano em território nacional deverá finalmente concretizar-se a partir da próxima segunda-feira, dia 2, cerca de oito semanas depois das primeiras datas, então anunciadas para o início de Outubro. Ultrapassados os tufões climáticos e eleitorais nos EUA, Joe Biden, que se prepara para entregar a direcção do seu país ao regressado Donald Trump, vem a Luanda para reforçar a parceria regional no Corredor do Lobito, mas também para se aproximar de Angola nos domínios da defesa e segurança.
"Temos três objectivos principais com a viagem. Um deles é elevar a liderança dos EUA no comércio, investimento e infraestruturas em África. O objectivo número dois é destacar a liderança regional e a parceria global com Angola num amplo espectro de questões relevantes, incluindo o comércio, a segurança e a saúde. E, por último, queremos aproveitar a ocasião para destacar a notável evolução da relação EUA-Angola", disse Frances Brown, assessora do Presidente Biden e especialista em Assuntos Africanos no Conselho de Segurança dos EUA, durante um evento online realizado na terça-feira, 26.
"Podem também contar com um anúncio importante sobre a cooperação no sector da segurança e outros anúncios sobre a preservação do rico património cultural de Angola", avançou Brown.
"Estamos a trabalhar com Angola para enfrentarmos em conjunto uma série de desafios, incluindo o reforço da paz e da segurança no leste da República Democrática do Congo, o aumento das oportunidades económicas na região e a expansão da cooperação tecnológica e científica", sublinhou a assessora de Joe Biden.
Frances Brown disse igualmente que os EUA vêem Angola "como um parceiro estratégico e um líder regional". "A nossa relação transformou-se completamente em três décadas e essa transformação foi acelerada nos últimos três anos", considerou, para depois recordar que durante a visita histórica da próxima semana, João Lourenço e Joe Biden vão prosseguir as negociações sobre novos projectos de infraestruturas, alterações climáticas, e sobre questões de paz, segurança e aprofundamento da democracia.
Com o fim da Guerra Fria, no final dos anos de 1980, os EUA ajustaram a sua política externa e colocaram o foco no Médio Oriente e na região do Pacífico, com África a ocupar um lugar quase irrelevante na agenda internacional norte-americana. Mas os sinais e os acontecimentos dos últimos anos, incluindo a guerra na Ucrânia e a ascensão imparável de outros actores, como a China ou a Índia, forçaram o desenho de novas estratégias e de novas abordagens na política internacional.
Na perspectiva americana, era necessário concretizar de alguma forma a mudança de política e durante a Cimeira dos Líderes Africanos, que decorreu no final de 2022, comprometeram-se a investir 55 mil milhões USD no continente africano nos três anos seguintes (até 2025).
"Dois anos depois, estamos a ultrapassar esse objectivo e já investimos mais de 80% do valor previsto. São investimentos históricos", defendeu Frances Brown durante o evento online que juntou vários jornalistas internacionais.
Ainda na mesma linha de acção, Frances Brown garantiu que os EUA "têm defendido as lideranças africanas em fóruns multilaterais, incluindo uma maior participação no G20, no Conselho de Segurança da ONU e nos conselhos de administração das instituições financeiras internacionais".
Nos últimos anos, sobretudo no pós-pandemia e durante o consulado de Joe Biden (que foi eleito em 2020), multiplicaram- -se também as visitas de dirigentes americanos a África: mais de 20 membros do gabinete e líderes de departamentos e agências dos EUA visitaram a região só nos últimos dois anos.
"A segurança e a prosperidade dos EUA está cada vez mais interligada à dos nossos parceiros africanos. Esta viagem é um reconhecimento disso", sublinhou a especialista americana.
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