Preços sobem 27% nos supermercados e 5% nos mercados informais
No mercado informal, os preços têm-se mantido mais estáveis com uma tendência decrescente desde o fim da quadra festiva, mas as famílias continuam a enfrentar dificuldades na aquisição de alguns bens alimentares, como o peixe, cujo preço duplicou com o encerramento do mercado da Mabunda.
Os preços de alguns dos produtos alimentares mais consumidos pelas famílias angolanas aumentaram 27% nos mercados formais em Março deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Já nos mercados informais, os preços cresceram 5%, segundo a comparação dos preços de bens alimentares seleccionados pelo Expansão nas principais praças e hipermercados da capital do País.
Estes cabazes consistem em 18 produtos seleccionados pelo Expansão, cujos preços foram recolhidos nos mercados informais Catinton e Asa branca, e em 11 produtos nos hipermercados Kero, Candando e Maxi (ver tabelas).
A diferença entre o crescimento verificado no mercado formal e informal tem também a ver com o tipo de produtos analisados em cada um deles, mas reflectem um ajustamento que tem havido nos preços nos principais mercados informais da capital em produtos como o açúcar, ovos, sal ou feijão. Já do lado das lojas da moderna distribuição, a tendência de subida é muito mais acentuada, porque resulta do tipo de oferta que têm disponível, maioritariamente produtos importados, e da passagem para os consumidores da pressão que sentem no acesso a divisas.
Ainda segundo apurou o Expansão, no mercado formal, onde se registou o maior aumento nos preços, com um aumento de 9.641 Kz no valor do cabaz, destacam-se o leite Nido, o arroz e o óleo, entre os que mais cresceram. No outro extremo, apenas três produtos registaram redução nos preços (fuba de milho, açúcar e frango congelado).
Diferente do mercado formal que continua a registar subidas, no informal os preços têm-se mantido mais estáveis com uma tendência decrescente desde o fim da quadra festiva. Apesar de ter registado uma subida homóloga de 5%, durante a ronda do Expansão foi possível notar algumas reduções nos preços na maioria dos produtos provenientes do campo, um sinal de que haverá nos mercados mais oferta.
Mas ainda assim, as famílias continuam a enfrentar dificuldades na aquisição de alguns bens alimentares do mercado informal como é o caso do peixe por exemplo. Tem-se constatado no seio de muitas famílias de baixa renda uma maior preferência pelo consumo de peixe comprado directamente à mão dos pescadores nas praias (como a famosa praia da Mabunda) que apesar de serem mais acessíveis ao bolso, o facto de não possuírem muitas vezes as condições adequadas para conservação e comercialização representam riscos para a saúde, principalmente quando adquiridos para consumo a médio prazo.
Além deste já difícil cenário, o Governo da Província de Luanda (GPL) encerrou um dos maiores mercados de peixe da província de Luanda, o mercado da Mabunda, no município da Samba, para trabalhos de limpeza no âmbito do combate à cólera, o que levou os preços do peixe a duplicaram nos locais de comercialização. Até a data, não se sabe quando o mercado poderá reabrir. Há ainda que ter em conta, que as quotas de pesca para este ano reduziram 30% face a 2024, tratando-se de uma medida potencialmente inflacionista.
Por outro lado, existe ainda a possibilidade de se verificarem subidas mais acentuadas nos preços de alimentos derivados de proteína animal avícola, suína e bovina até o final do ano. É importante lembrar que no mês passado, um organismo afecto ao Ministério da Agricultura e Florestas (MINAGRIF), o Instituto de Serviços Veterinários (ISV) anunciou em comunicado o fim das licenças de importação de derivados de proteína animal avícola, suína e bovina até Agosto de 2025, o que gerou vários debates ligados à capacidade de produção nacional que é ainda insuficiente para dar resposta às necessidades de consumo.
Por último, a subida do gasóleo pode originar uma especulação os preços. Mas até ao último levantamento realizado pelo Expansão, esta terça-feira (um dia após a subida do gasóleo) os últimos eventos protagonizados pelo Governo com excepção do encerramento do mercado da Mabumda, ainda não tinham influenciado de forma significativa os preços dos bens alimentares.