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Angola

"Dizer adeus ao FMI não é algo que estejamos a considerar", diz a Ministra das Finanças

Entrevista ministra das Finanças

A ministra das Finanças, em entrevista ao português Jornal de Negócios, assegurou que a "vontade política" para privatizar (parcialmente) a Sonangol se mantém, depois de "arrumada a casa". E falou de uma necessidade de endividamento de 11,8 mil milhões de dólares para 2022

Vera Daves de Sousa, a ministra das Finanças, deu uma extensa entrevista ao Jornal de Negócios, no passado dia 18 e que é hoje publicada na edição impressa do jornal económico português, onde aborda inúmeros temas, desde logo, as privatizações.

Há 41 activos privatizados ou alienados e outros em processo de cedência de gestão, como é o caso do Kero, do total, a ministra fala em 1,2 mil milhões de euros de receita, "desse montante cerca de metade já foi pago e a outra metade vai sendo paga em prestações", disse.

"Para anos tão difíceis penso que o balanço até é positivo. E continuamos ambiciosos", acrescentou Vera Daves de Sousa. E num plano que tem tanto de "ambicioso" como de optimista, "queremos privatizar mais 40 activos" até ao final do ano, assegurou a titular das Finanças, e destacou o BCE e a ENSA, no caso 49% da seguradora, como os processos estarão concluídos ainda em 2021.

Chegados a 2022, "somos igualmente ambiciosos", prossegue Vera Daves de Sousa "e prevemos a privatização de 50 activos". Quanto aos candidatos à privatização do BCI e ENSA se são nacionais ou estrangeiros, a ministra das Finanças só consegue assegurar que no caso do BCI, sim, são grupos angolanos que vão ficar com o banco.

Quanto à ambiciosa lista de privatizações para 2022, temos o BAI (parcial), TV Cabo, Sonangalp, através do mercado de capitais, a própria Bodiva, Mota-Engil Angola, Caixa Angola e Multitel.

E chegados à Sonangol, que o ministro dos Recursos Naturais, Petróleos e Gás, já assegurou que não será em 2022, a ministra adianta que "a vontade política mantém-se" para a privatização parcial da petrolífera estatal, mas adianta que a "Sonangol é uma empresa muito complexa, durante muito tempo criou várias ramificações e tentáculos, se me é permitido usar esta expressão, e agora o que está a fazer é arrumar a casa".

Quanto à inegável pressão que existe por estes dias sobre as empresas iminentemente petrolíferas em todo o mundo e de como isso pode pesar até no eventual valor futuro da Sonangol, Vera Daves de Sousa considera que os responsáveis do sector tem isso em consideração e aponta que a alternativa tem de partir do sector não petrolífero e que está na economia como um todo, ou como diz a ministra das Finanças "de modo que a estratégia é criar ambiente para que outros sectores despontem e assim compensem a quebra da receita petrolífera".

Quanto à forma de uma futura colaboração com o FMI além de Dezembro de 2021, a ministra das Finanças deixa tudo em aberto. Nem que sim, nem que não, mas que não será da mesma forma, não especificando o que quer dizer com "novas formas de colaboração e cooperação". Deixa, ainda assim, uma certeza: "até ao final do ano tomaremos uma decisão".

E já será no próximo ano que Angola voltará aos mercados. As contas estão feitas e a necessidade de endividamento do país é de 11,8 mil milhões de dólares que "vai ser dividido em várias fontes de financiamento, emissão no mercado doméstico, obrigações do Tesouro, desembolsos de financiamento e também ida aos mercados".

Respondendo quanto a uma eventual parceria da Siemens para a construção do metro de superfície em Luanda, Vera Daves de Sousa conseguiu adiantar que "assim que o Ministério dos Transportes nos disser que o parceiro está pronto para avançar, activaremos a nossa capacidade para entrar com a participação do Estado".

Finalmente, e quanto à subestimação do barril do preço do petróleo no OGE para 2022, que está nos 59 dólares o barril, quando o preços nos mercados internacionais anda nos 80 dólares, a ministra da Finanças explicou as razões de tal prudência e disse que os eventuais excedentes serão usado para a "reconstituição dos saldos de tesouraria". "Essa é a nossa prioridade, uma vez que temos trabalhado com saldos de tesouraria pouco confortáveis. Numa situação de calamidade, podemos ficar em apuros", partilhou. E há mais, "temos também uma despesa significativa com o pagamento de subsídios á Sonangol, porque historicamente temos tratado do tema da subida dos combustíveis pela vida da compensação fiscal".

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