Gaydamak processa Sonangol e ministro após perder refinaria
Ex-homem forte de José Eduardo dos Santos não gostou de ser afastado da construção da Refinaria de Cabinda, após ter ganho um concurso internacional, e vai avançar com processos em Londres contra os dirigentes angolanos que anularam o negócio e o atribuíram sem concurso à Gemcorp Capital LLC.
O empresário russo-israelita Arcadi Gaydamak assume a paternidade do consórcio United Shine Limited (USL) recentemente afastado do projecto de construção da Refinaria de Cabinda, e avança que está a iniciar procedimentos legais arbitrais e criminais contra o sócio, a Sonangol (via Sonaref ), e membros do Governo, após a petrolífera estatal ter decidido denunciar o negócio iniciado em 2017 através de um concurso internacional e atribuir, no final de Outubro, o projecto por "ajuste directo" ao grupo de gestão de investimentos Gemcorp Capital LLP.
Em declarações ao Expansão, Gaydamak diz que os processos darão entrada nos próximos dias em Londres, não só ao abrigo do modelo arbitral da Comissão de Direito Comercial Internacional das Nações Unidas (UNCITRAL), mas também no âmbito criminal. "A parte criminal não pode ser resolvida em arbitragem, e como considero estar a lidar com um gang organizado, criminoso e corrupto, que tirou partido dos seus cargos oficiais para tentar desapropriar-me, em seu favorecimento, não me resta senão avançar com processos-crime por roubo", revela.
Os visados, revelou, serão o actual ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Azevedo, e os presidentes das administrações da Sonangol, Sebastião Martins, e da Sonaref, Joaquim Kiteculo, entre outros responsáveis, mas o empresário acredita que há outros responsáveis nos bastidores, nomeadamente "o general Kopelipa", conforme alega Gaydamak, por escrito, numa das mensagens enviadas aos visados.
Arie Leb é Aryeh Bar Lev que é Arcadi Gaydamak
Ao Expansão, o russo-israelita assegura que "toda a gente sabia" que era ele o principal accionista da United Shine, que inclui ainda investidores angolanos, entre eles o general José Tavares Ferreira, o segundo maior accionista, e que foi com este veículo registado em Hong Kong que concorreu e venceu um concurso internacional lançado por Angola no final de 2017.
Conta que o nome Arie Leb que surge associado ao consórcio é o seu nome hebraico, que diz ser público, embora o nome registado em Israel seja Aryeh Bar-Lev, e que precisamente por saber que tem um histórico em Angola fez questão de apresentar o "melhor projecto".
O empresário revela que adquiriu uma empresa inactiva a um amigo em Hong Kong, a USL, registada em 2015, cujo capital social actual não é apenas de 1 dólar de Hong Kong, como publicado no Diário da República em Angola, mas sim de 1 milhão de dólares de Hong Kong (cerca de 130 mil USD). E admite que a proposta passava pela compra da refinaria de Collombey, na Suíça, propriedade da empresa líbia Tamoil, e até à data "a melhor do mundo".
Diz também que no âmbito do concurso internacional esteve várias vezes em Luanda, e que numa dessas viagens teve oportunidade de visitar o actual presidente da República, a quem terá contado que estava a concorrer para a construção da Refinaria de Cabinda. (...)
(Leia o artigo integral na edição 555 do Expansão, de sexta-feira, dia 20 de Dezembro de 2019, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)
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