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Economia

Inflação descontrolada em Luanda e em máximos de sete anos a nível nacional

38,9% EM LUANDA E 28,2% A NÍVEL NACIONAL

País importou menos 686 milhões USD em mercadorias entre Janeiro e Abril deste ano face ao mesmo período do ano passado, o que fez disparar os preços. Importadores compram menos lá fora mas querem manter a mesma rentabilidade. Subida do preço do gasóleo ainda mal se fez sentir. Poder de compra vai continuar a cair.

O custo de vida a nível nacional aumentou 2,6% em Abril face a Março, tratando-se do valor mais alto desde Agosto de 2016, de acordo com o índice de Preços no Consumidor de Abril do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgado esta segunda- -feira. Já o ritmo anual de aumento do custo de vida está a subir há 13 meses e no mês passado cresceu 2,1 pontos percentuais para 28,2%, tratando-se da taxa de inflação homóloga mais alta desde Junho de 2017.

E se os preços não param de subir a nível nacional, em Luanda a situação é ainda mais drástica, uma vez que face a Abril do ano passado os preços subiram 38,9% e, em termos mensais, cresceram 3,3% face a Março. Trata-se da inflação homóloga mais alta na capital desde Fevereiro de 2017, quando atingiu os 39,5%.

Apesar de o preço do gasóleo ter subido de 135 Kz para 200 Kz a 23 de Abril, esse aumento praticamente não teve impacto no índice de preços medido pelo INE, já que a nível nacional a subida dos preços na classe de despesa Habitação, água, electricidade e combustíveis passou de 1,51% para "apenas" 1,61%. Ou seja, o efeito directo da subida do preço do combustível na classe foi apenas residual, pelo que se espera que em Maio venha a ter um impacto maior. Isto apesar de o INE não divulgar qual é o peso das sub classes (neste caso combustíveis) dentro das classes. Quanto aos efeitos indirectos da subida dos preços do gasóleo nas outras classes de despesas deverá ter maior impacto a partir deste mês, pelo que está dado o sinal de que a inflação em Luanda caminha a passos largos para ultrapassar a barreira psicológica dos 40%, um sinal de que a inflação na capital do País está hoje descontrolada. "Ter os preços 39% acima daquilo que eram em um ano, é desafiante. Esta é uma inflação que em economias estáveis é acumulada em 15 a 20 anos. E estarem a ser registadas em um ano, provam que há um claro descontrolo da inflação", admite o economista Wilson Chimoco.

Quanto à inflação acumulada nos primeiros quatro meses do ano, de 10,62%, trata-se do pior arranque de um ano desde 2016, quando entre Janeiro e Abril atingiu os 13,61%. No final de 2016, a inflação era de 41,1%, tendo sido das inflações mais altas desde o final da guerra civil. Pior só mesmo em 2002 (105,5%) e 2003 (76,6%), de acordo com a base de dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

As razões para a inflação em Angola estar quase sempre em alta, em que só por três ocasiões foi inferior a dois dígitos (2012, 2013 e 2014, com 9,0%, 7,7% e 7,5%, respectivamente) são já bastante conhecidas. O País é demasiado dependente das importações, o processo de diversificação económica tarda em dar "frutos" e o País está sempre ao "sabor" do preço do barril de petróleo para estabilizar a moeda nacional. "É essencialmente reflexo do fraco desempenho da economia nacional, do aumento da taxa de crescimento demográfico e da taxa crescente de urbanização do País. Em Angola temos todos os anos mais 1,5 milhões de pessoas a precisar de saúde, alimentação, serviços de transporte, habitação, água, electricidade e outros. E infelizmente a oferta dos bens e serviços não tem acompanhado a procura. E isso tem-se reflectido na pressão sobre os preços", refere Chimoco.

Assim, mais de duas décadas após o fim da guerra, a pressão da (falta de) oferta continua a empurrar os preços para cima. De acordo com cálculos do Expansão com base em dados da AGT, nos primeiros quatro meses deste ano o País gastou 4.479 milhões USD em importação de mercadorias, o que compara com os 5.165 milhões registados entre Janeiro e Abril de 2023. Trata-se de uma queda de 13%, equivalente a menos 686 milhões USD. Menos oferta e procura em alta (a população cresce a 3,1% ao ano) empurra os preços para cima. E a tudo isto junta-se a especulação.

Leia o artigo integral na edição 776 do Expansão, de sexta-feira, dia 17 de Maio de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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