Relatório aponta comércio como factor de inclusão e crescimento económico
Foi apresentado em Genebra o World Trade Report 2024, produzido pela Organização Mundial de Comércio, que na publicação dedicada à inclusão, se pode ler que a percentagem de pessoas a viver em condições de pobreza extrema nas economias de baixo e médio rendimento diminuiu de 40% para cerca de 11% desde 1995.
A Organização Mundial do Comércio (OMC) defendeu hoje, em Genebra (Suiça), onde decorre o 'Public Forum', que o sistema internacional de comércio é um factor de inclusão social, de crescimento económico e que deve continuar a ser aprofundado tendo em vista as novas tendências relacionadas com as transacções digitais, o comércio de serviços e os temas relacionadas com o ambiente e a transição energética. As conclusões fazem parte do mais recente relatório sobre comércio internacional (ou 'World Trade Report', no título original) publicado pela OMC.
Desde a criação da OMC, há 30 anos, "os rendimentos per capita nas economias de baixo e médio rendimento quase triplicaram, reduzindo significativamente a diferença de rendimento em relação às economias de rendimento elevado", assinalou Ralph Ossa, economista-chefe da OMC durante o 'Public Forum' promovido por aquela organização e que decorre em Genebra até sexta-feira, 13 de Setembro.
"As nossas estimativas sugerem que até um terço desta convergência pode ser atribuída às reduções nos custos associados ao comércio, facilitadas em parte pela OMC", disse o responsável.
Segundo os autores do relatório, a percentagem de pessoas a viver em condições de pobreza extrema nas economias de baixo e médio rendimento diminuiu de 40% para cerca de 11% desde 1995, enquanto a percentagem do comércio no PIB destas economias duplicou de cerca de 16% para 32%.
Mesmo assim, a percepção global sobre os benefícios do comércio internacional tem sido colocada em causa por tendências proteccionistas defendidas por grandes economias como os EUA, que argumentam a favor da necessidade de proteger a indústria local e os postos de trabalho gerados neste sector.
Estes argumentos também são utilizados por diversas economias mais pequenas, que acusam os grandes produtores industriais de serem mais beneficiados pelo comércio internacional e de não permitirem o desenvolvimento das indústrias locais.
"Contrariamente à crença popular, a desigualdade de rendimentos nas economias não aumentou, em média, nos últimos 30 anos. De facto, o índice de Gini médio - análise que permite medir a desigualdade - diminuiu ligeiramente num vasto leque de economias durante este período. Além disso, a desigualdade de rendimentos apresenta apenas uma fraca correlação com a abertura comercial e é inferior nas economias mais abertas", sublinhou Ralph Ossa.
"As evidências também desafiam a noção prevalecente de que a concorrência das importações nos países industrializados apenas conduziu a perdas. Também foram registados ganhos significativos. Nos EUA, por exemplo, o rendimento diminuiu em algumas regiões industriais devido ao aumento do comércio com a China, mas as regiões especializadas na agricultura e nos serviços registaram uma evolução positiva", afirmou o economista-chefe da OMC.
196 países países fazem parte da OMC: Timor-Leste e as Ilhas Comoro foram os últimos países a aderir. Angola é um membro de pleno direito da organização desde Março de 1996.