Mina do Luele empurra peso dos diamantes para 2% do PIB
Nunca os diamantes tiveram tanto peso no PIB como aconteceu no ano passado, já que pela primeira vez atingiu os 2,0%. Mas o crescimento da produção da pedra preciosa não tem sido acompanhado pelas exportações, que estão em queda há dois anos consecutivos.
A extracção de diamantes, minerais metálicos e de outros minerais não metálicos já vale 2,0% do Produto Interno Brito (PIB) nominal, o equivalente a 1.586,5 mil milhões Kz, o que representa um aumento de 80,2% em 2024 comparativamente a 2023, segundo os cálculos do Expansão com base nas contas nacionais referentes ao IV trimestre do ano passado, divulgadas recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O aumento significativo do PIB nominal deste sector (+706,1 mil milhões Kz) no ano passado deveu-se, principalmente, ao desempenho da mina do Luele, considerada por muitos especialistas como a "joia da coroa" dos diamantes no País, porque no seu primeiro ano, desde a entrada em funcionamento, já permitiu a extracção de mais de 6 milhões de quilates de diamantes, permitindo ao País atingir, pela primeira vez, uma produção de diamantes brutos de mais de 13,9 milhões de quilates, o mais alto de sempre. Há que contar também com o desempenho da central de tratamento da mina de Catoca, que também processa tudo o que vem de Luele.
Se em kwanzas o PIB nominal cresceu 80,2%, quando convertidos em dólares, cresce apenas 43,0%, ao passar de 1.275,8 milhões USD para 1.823,8 milhões.
O crescimento no ano passado empurrou o peso do sector para o equivalente a 2,0% do PIB nacional, o que acontece pela primeira vez desde que há memória. Curiosamente, foi no ano da Covid-19, em 2020, que o sector mais esteve próximo desse valor, quando fechou o ano a valer 1,7% do PIB. Apesar de ter sido um ano mau para o sector diamantífero em termos de vendas, o facto de a actividade económica praticamente ter parado no País, fazendo baixar o PIB dos outros sectores, está na base para o crescimento verificado naquele ano.
O PIB nominal é o valor dos bens e serviços finais produzidos num país durante um ano e, de acordo com o relatório do INE sobre as Contas Nacionais do IV trimestre de 2024, medido a preços correntes em kwanzas, o PIB nacional no ano passado foi de 81,1 biliões Kz, representando um crescimento de 4,4% face a 2023, naquele que foi o maior crescimento da economia desde 2014 (4,8%). Nos últimos 10 anos, o PIB do sector da extracção de minérios e diamantes registou um crescimento de 1.714%, ao passar de 87,5 mil milhões Kz em 2014 para 1.586,5 mil milhões Kz. Entretanto, se as contas forem feitas em dólares, à taxa de câmbio média de cada ano, verifica-se um aumento de 105,0%, saindo dos 889,5 milhões USD em 2014, para os 1.823,8 milhões USD no ano passado.
Para a economista Leonora Nhanga, o crescimento do sector nos últimos anos indicia um desempenho positivo da indústria dos diamantes em Angola para o futuro, embora os preços nos mercados internacionais estejam em baixa. Reconhece, por outro lado, que a marcha do PIB dos diamantes poderá crescer ainda mais quando (não há data) for instalado o segundo moinho da mina do Luele. Para este ano, as projecções apontam a uma produção de quase 15 milhões de quilates e uma receita bruta estimada em 2,1 mil milhões USD. A concretizar-se será não só o valor mais alto de sempre produzido no País, bem como ao nível das exportações também superará os recordes anteriores alcançados em 2022, quando foram exportados 1.945,6 milhões USD.
Mas se a produção de diamantes tem vindo a crescer, o mesmo não acontece com a exportação, onde os preços nos mercados internacionais continuam em baixa. No ano passado, a exportação de diamantes caiu 2% para 1.536,0 milhões USD, naquele que foi o segundo ano consecutivo em que as vendas lá para fora caíram. Aliás, as exportações de diamantes valem apenas 4% do total das vendas angolanas para o exterior do País.
Relativamente ao preço médio do quilate de diamante, em 2024, rondou os 143,9 USD, uma queda de 12% face aos 163,0 USD registados em 2023, e de 32,6%, se comparado com o preço de 213,7 USD de 2022.
A produção de diamantes em Angola conta com o concurso de 42 cooperativas, para a produção semi-industrial, e de 25 empresas em actividade efectiva. Destas 25 empresas, cinco exploram kimberlitos e 20 fazem a exploração aluvionar (em rio). Cerca de 29 minas estão em promoção por falta de capacidade técnica e financeira. Em termos de localização geográfica, as minas estão localizadas nas províncias da Lunda Norte,Lunda Sul, Cuanza Sul, Malanje e Bié. O subsector dos diamantes conta com 28.826 postos de trabalho.