ANPG continua sem data marcada para mudar para o edifício do Banco Económico
Já pagou 100 milhões USD pelo edifício, tem mais 30 milhões USD aprovados por Despacho Presidencial para despesas com a nova sede, mas continua sem ter uma data para se mudar. "No próximo ano", dizem-nos.
Dois anos e meio depois de o negócio ter sido acertado, a ANPG ainda não se mudou para a nova sede, o emblemático edifício do Banco Económico no centro da cidade, sendo que o Expansão apurou que não há uma data marcada para a transição. Para já, os serviços do banco continuam a funcionar normalmente no edifício. "Estamos nesta altura a reparar o imóvel e vamos andando lentamente devido a questões financeiras. Quanto à mudança, só no próximo ano", explicou uma fonte da ANPG. Convém lembrar que o edifício foi inaugurado em Dezembro de 2012.
Quando o negócio foi tornado público, em Março de 2023, havia a convicção que a ANPG pudesse estar a funcionar no edifício até ao final do ano passado, o que não veio a acontecer. A venda foi acertada por 100 milhões USD, sendo que a autorização para a despesa foi publicada em Diário da República a 7 de Junho de 2023 (DP n.º 129/23). Foram pagos logo 60 milhões USD, uma ajuda fundamental para o banco, que passava, e continua a passar, por momentos difíceis, sendo que a última prestação foi entregue ao Banco Económico no momento em que a titularidade do edifício passou para a agência. A escritura pública foi feita no dia 12 de Julho deste ano.
Entretanto, foram já autorizadas por despacho presidencial duas despesas para concretizar a mudança, a 29 de Abril (DP n.º 101/24), com 14,94 milhões USD para "serviços de transferência física da infraestrutura tecnológica e modernização de activos operacionais para a nova sede da ANPG". E a 24 de Julho (DP n.º 138/24) mais 15 milhões USD para "serviços de empreitada para a manutenção, substituição e actualização do sistema de HVAC (ar condicionado) da nova sede da ANPG".
Em termos práticos, o que se percebe é que existem condições, nomeadamente financeiras, para avançar para a mudança, mas isso implica a saída do local da estrutura do Banco Económico, que por enquanto ainda não terá uma solução definitiva. Também pelo que o Expansão apurou, não existe uma pressão forte por parte da ANPG para que rapidamente se faça esta troca. Ou seja, as coisas vão andando no seu ritmo até que a mudança se proporcione.
Quando se questionou a oportunidade e as motivações do negócio, alguns especialistas defendiam que seria uma forma de o Estado financiar de forma indirecta o Banco Económico nas suas necessidades urgentes de tesouraria; outros defendiam que com esta operação, através da ANPG, o Estado guardava para si este edifício emblemático, salvaguardando-o de uma possível falência da instituição. Muitos concordavam também que a mudança da ANPG para o só iria acontecer quando o Banco Económico tivesse uma solução final, que ainda vai demorar mais alguns meses.
Para os envolvidos, as explicações são mais simples: a ANPG precisa de mais espaço do que tem na Torre do Carmo II, e o Banco Económico precisa de mais dinheiro e podia funcionar em outras instalações.
Na altura em que o negócio foi anunciado, o Expansão ouviu dois consultores imobiliários que concordaram que para um edifício com 20.000 metros quadrados no centro da cidade, com pouco mais de 10 anos de utilização e acabamentos de luxo, 5.000 USD por metro quadrado é um preço dentro da realidade do nosso mercado.
"Estamos a falar de um edifício único, possivelmente o melhor da cidade. Mas também não há outro comprador para disponibilizar este valor, e nós temos acompanhado as compras e os alugueres das principais empresas e instituições instaladas no País. Nesta perspectiva, podemos dizer que por estes 100 milhões USD este é um negócio justo. Para construir de raiz um edifício com aquelas características seriam necessários 80/90 milhões USD", explicou um dos especialistas ouvidos pelo Expansão. O preço de construção do imóvel, há mais de 12 anos, foi de 3.800 USD por metro quadrado.