Mina da Catoca já vale menos de metade da produção de diamantes em Angola
A produção estimada para 2024 na Catoca está 1,1 milhões de quilates abaixo do que está inscrito no PDN, enquanto que previsão para a mina do Luele está 36% acima do que está escrito no mesmo documento.
De acordo com os dados apresentados pela Endiama no último conselho consultivo do Ministério dos Recursos Naturais, Petróleo e Gás, a mina de Catoca tem uma produção estimada para este ano de 6,53 milhões de quilates, equivalentes a 49,4% do total da produção de diamantes prevista para este ano no País. Isto significa menos 1,1 milhões de quilates relativamente às metas apontadas para 2024 inscritas no PDN (Plano de Desenvolvimento Nacional), justificadas no documento pela "necessidade de modernização das centrais de tratamento, falta de equipamento para remoção de terras, agravada pelas falhas mecânicas, escassez de mão de obra qualificada e falta de peças de reposição."
Já a Sociedade Mineira do Luele tem como previsão de produção para 2024 de cerca de 5,86 milhões de quilates, 44% da produção total, o que representa um excedente de 1,56 milhões quilates face ao inscrito no PDN. Estes dois projectos fazem mais de 93% da produção de diamantes do País, o que pode ser uma preocupação, uma vez que a concentração da produção em apenas dois projectos cria desafios específicos nestas duas minas.
Os projectos mineiros que se seguem no ranking da produção são Chitotolo (337 mil quilates), Cuango (293 mil quilates) e Somiluana (196 mil quilates), todos eles com produções abaixo do que estava previsto no PDN. A categoria "Outros", onde existe uma forte componente da produção artesanal feita por cooperativas, tem um volume de produção estimado de 899 mil quilates.
Em termos globais, a Endiama prevê uma produção de 13,2 milhões de quilates para este ano, que na verdade parece um pouco exagerado se tivermos em linha de conta que a produção para os primeiros nove meses do ano, tal como o Expansão noticiou, foi de 8,5 milhões quilates. Isto significa 68% do previsto, não sendo de prever que nos três últimos três meses do ano se possam produzir mais de 5 milhões de quilates. Tal como aconteceu o ano passado, a produção deve ficar abaixo das previsões, fixando-se num valor a rondar os 11,5 milhões quilates. Ainda assim este valor significa um aumento de 21% face a 2023.
Para 2025, a Endiama prevê uma produção de 15,13 milhões de quilates, que face aos 11,5 milhões, valor possível para este ano, significa um aumento acima dos 30%. Para que isto pudesse acontecer, apesar de ter sido anunciado que vai ser inaugurado e entrar em produção o projecto mineiro de Moquita, será necessário fazer um investimento forte na Catoca para recuperar a produção, o que dependerá muito da estratégia do novo accionista, a Maaden International. Será também necessário que a Sociedade Mineira do Luele mantenha crescimentos da produção similares ao que aconteceu em 2024
Dentro dos objectivos apresentados pela empresa está a previsão de um preço médio de 150 USD/qlt, o que significa uma meta muito optimista de o sector dos diamantes ter uma receita bruta no próximo ano de 2,27 mil milhões USD. Está também previsto o reinicio das actividades de IGM no kimberlito de Sangamina.
Já relativamente à lapidação de diamantes, que é um objectivo forte do Estado tendo em atenção que é necessário deixar no País as mais valias deste negócio, apesar de os objectivos traçados em 2020 ainda estarem muito longe de ser cumpridos, alguma coisa está a ser feita. São objectivos para 2025 o início das operações da fábrica Robust Diam no I trimestre, recorde-se que a inauguração oficial foi feita há mais de seis meses, a reabertura e operacionalização da fábrica Kapu Gems, que está parada, e a inauguração e início das operações da fábrica detida em 100% pela Endiama.