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Venda de seguros por mediação cresce 12% mas remuneração cai 83%

FENÓMENO BANCASSURANCE ESTÁ A CRESCER

O fenómeno é explicado porque grande parte das vendas por mediação é feita pelos bancos que estão associados às maiores seguradoras, sendo que contribuem para os valores globais do mercado mas depois não entram nas remunerações, uma vez que estas estão associadas aos mediadores particulares.

A remuneração dos mediadores de seguros, profissionais que fazem intermediação entre a seguradora e o segurado ou tomador de seguros, caiu 83% para 2.255 milhões Kz face aos 13.235 milhões Kz registados em 2021. Apesar de a sua contribuição para o total dos prémios vendidos ter crescido 12%, o que se explica por este crescimento ter sido impulsionado pelo aumento do fenómeno bancassurance, onde os mediadores são os próprios bancos, sendo que as suas vendas são contabilizadas nos valores globais do mercado, não implicam o pagamento de remunerações. Estas estão associadas, normalmente, aos pagamentos de comissões aos particulares.

Se analisarmos a remuneração paga por ramos, a divisão está de acordo com o próprio mercado, sendo que no Não Vida as comissões chegaram aos 2.244 milhões Kz e no ramo Vida contabilizaram-se apenas 12 milhões Kz. No primeiro trimestre, por exemplo, a remuneração foi baixa, um total 287 de milhões Kz, no segundo o valor disparou para 861 milhões Kz, no terceiro manteve-se nos 838 milhões Kz e no quarto trimestre voltou a cair para um valor de 267 milhões Kz.

Esta diminuição "abismal" das remunerações pagas pode também ter uma outra explicação. De acordo com o regulador, pode dever-se ao fraco reporte por parte dos mediadores, associado à falta de informação dos mediadores que têm a licença activa, mas deixaram de exercer a actividade.

"O problema da mediação tem a ver com o pouco ou falta de reportes de informações e nós só publicamos o que está na nossa posse. Tanto é que estamos a fazer o recadastramento no sentido de dar maior visibilidade à forma como operam, porque os números vão alterando em função de reporte ou não de informação por parte dos mediadores", explicou César Marcelino, director do Gabinete de Estudos e Planeamento da ARSEG. Explicou ainda que em 2021 os mediadores singulares reportaram os dados da sua actividade, mas em 2022 deu-se o caso de não o terem feito, o que empurrou os números para baixo.

Mediadores contribuíram com 12,6% nos prémios do mercado 2022

Apesar de a remuneração ter baixado, os mediadores que operam no mercado contribuíram com 12,6% do total de prémios vendidos, um valor de 38.925 milhões Kz, para um total de 308.443 milhões Kz. No ramo Vida o peso das vendas por mediação foi de 25%, 27.887 milhões Kz, e o ramo Não Vida contribuiu com 11%, 280.556 milhões Kz. Isto também pode ser explicado pelo facto de os produtos do segmento Vida necessitarem de maior acompanhamento na venda, pois na sua quase totalidade não são obrigatórios e são encarados como forma de rentabilização das poupanças dos cidadãos. Precisam de explicações mais precisas.

Já no ramo Não Vida a contribuição dos mediadores continua a ser maior no ramo automóvel, em função da exigência do Seguro Obrigatório de Responsabilidade Civil e Automóvel, vulgo SORCA. Mas esta contribuição é proveniente, sobretudo, dos mediadores colectivos, ou seja, os correctores que operam no mercado, uma vez que os mediadores particulares ainda não estão registados numa base de dados funcional, onde seja possível acompanhar devidamente a sua actividade.

Uma realidade diferente de outras partes do mundo, como Portugal e Brasil, por exemplo, onde a categoria mais predominante é a do agente de seguros e a idade fica à volta dos 49 anos. Nestes países a mediação fomenta o auto-emprego, contribui para o empreendedorismo, embora também estejamos a caminhar por esta via, como diz o presidente Associação de Mediadores de Seguros de Angola (AMSA).

(Leia o artigo integral na edição 716 do Expansão, de sexta-feira, dia 17 de Março de 2023, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)