Kwanza interrompe percurso de ganhos com depreciação de 6%
O Kwanza desvalorizou 6% face ao euro e 3,2% face ao dólar no espaço entre Março e Abril, interrompendo um ciclo entre ganhos e estagnação registados desde o início do ano, de acordo com contas do Expansão com base em taxas de câmbio diárias publicadas pelo Banco Nacional de Angola (BNA).
A queda dos números das receitas fiscais com a exportação de petróleo é a principal causa desta depreciação. Como noticiou o Expansão na edição da semana passada, o País encaixou 1,1 biliões Kz em receitas fiscais com a exportação de petróleo no I trimestre de 2021, menos 265 mil milhões Kz face aos quase 1,4 biliões registados no mesmo período de 2020, uma queda de 19% nestas receitas.
Assim, entraram para os cofres do Estado 1.000 milhões de dólares a menos no I trimestre de 2021 com a venda de petróleo ao estrangeiro, uma redução de 35% se as receitas forem contabilizadas em moeda estrangeira.
Ainda assim apreciou face ao início do ano
Se o Kwanza caiu entre Março e Abril, o mesmo não aconteceu se compararmos a evolução ao longo dos primeiros quatro meses do ano. Ou seja, a moeda nacional fechou os primeiros quatro meses do ano a ganhar terreno face às principais moedas estrangeiras, ao registar uma ligeira apreciação de 1% face ao dólar e de 1,4% face ao euro.
Na análise de economistas e do presidente da Associação Angolana de Bancos (ABANC) ao Expansão, a ajudar a valorização do Kwanza nos primeiros três meses do ano esteve a menor procura por moedas estrangeiras por parte das famílias e das empresas devido a uma forte quebra na liquidez em moeda nacional.
De acordo com Mário Nascimento, a valorização do Kwanza entre entre Janeiro e Março não significa que tenha havido maior oferta de recursos em moeda estrangeira no mercado, mas que a oferta esteve a satisfazer a procura. "Uma das razões que justifica a apreciação do Kwanza é a liquidez em Kwanza que está mais baixa. Há menos Kwanzas no mercado", explicou o responsável.
Por sua vez, o economista Alberto Vunge aponta dois factores que estão na base da apreciação da moeda nacional nos primeiros quatro meses do ano, nomeadamente a relativa evolução do preço do petróleo, que reforça o lado da oferta no mercado cambial e a liberalização do mercado cambial, com a introdução da plataforma FXGO da Bloomberg, permitindo que os agentes do lado oferta e procura no mercado cambial interajam através desta plataforma, e, essa via se definirem preços para as moedas via mercado.
Apesar desta recuperação do Kwanza, o economista defende que o banco central continua, ainda assim, e "de forma oficiosa", a interferir no valor das moedas com "questionamentos informais" aos licitadores sobre as razões dos preços que apresentam sempre que lhe pareça alto. "O BNA continua a realizar leilões, com isto, ainda continua a influenciar o mercado cambial", aponta.
(Leia o artigo integral na edição 623 do Expansão, de sexta-feira, dia 7 de Maio de 2021, em papel ou versão digital com pagamento em Kwanzas. Saiba mais aqui)