Saltar para conteúdo da página

Logo Jornal EXPANSÃO

EXPANSÃO - Página Inicial

Gestão

A importância e os desafios do relato de sustentabilidade

EM ANÁLISE

Esta tendência governativa não tem passado despercebida ao universo empresarial nacional e aos seus stakeholders, verificando- -se um incremento da consciencialização no mercado para estas matérias, apesar dos desafios que ainda persistem na incorporação da agenda ESG nas suas estratégias empresariais.

A agenda ESG está a causar uma transformação profunda para as empresas a nível mundial. Essa agenda exige não apenas uma transparência cada vez maior nas práticas de sustentabilidade e impacto social, mas também impulsiona as organizações a reavaliarem as suas estratégias e modelos de negócio de maneira metódica. Os stakeholders têm sido dos principais impulsionadores desta transformação, cuja percepção passou a exigir que as empresas considerem e divulguem o impacto das suas actividades no mundo, a sua contribuição para a sociedade e a sua conduta. Esta exigência por parte dos stakeholders é observada no nosso estudo CEO Outlook 2024, onde o crescimento sustentável suportado em objectivos ESG bem definidos continua a ser uma ambição fundamental para os líderes empresariais globais, determinados em transformar os seus produtos e serviços, processos, operações e cadeias de valor.

Em Angola, este processo não é excepção, sendo que o país tem feito progressos assinaláveis na transformação da sua agenda ESG, integrando na sua estratégia sustentável diversos frameworks nacionais e internacionais de referência. Sendo de destacar na vertente ambiental a Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas (ENAC 2022-2035), uma iniciativa do Executivo Angolano que visa minimizar os efeitos das mudanças climáticas no país e um desenvolvimento sustentável, de acordo com as directrizes do Acordo de Paris e os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Adicionalmente, é de realçar a Africa Green Recovery Action Plan e Agenda África 2063, iniciativas da União Africana que incluem matérias de ESG nos seus pilares de intervenção.

Esta tendência governativa não tem passado despercebida ao universo empresarial nacional e aos seus stakeholders, verificando-se um incremento da consciencialização no mercado para estas matérias, apesar dos desafios que ainda persistem na incorporação da agenda ESG nas suas estratégias empresariais, assim como a sua adequada divulgação e relato, através de relatórios de sustentabilidade, não obstante a evolução significativa verificada nos últimos anos de forma transversal aos diversos sectores empresariais.

Angola não possui uma regulação própria para o relato de sustentabilidade, ao contrário de outras geografias, na qual destaco a tendência existente na Europa, nomeadamente através das European Sustainability Reporting Standards (ESRS). As ESRS são um conjunto de normas que padronizam a forma como as empresas devem reportar informações de sustentabilidade, já aplicáveis em 2024 para um conjunto relevante de empresas. A implementação dos ESRS representa um marco regulatório significativo para empresas sediadas na União Europeia, principalmente aquelas sujeitas a reportar conforme a Directiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa (CSRD - Corporate Sustainability Reporting Directive), que acabará por ter um efeito regulatório dinamizador no resto do mundo.

Contudo, o tecido empresarial de Angola dispõe de frameworks para o reporte de sustentabilidade reconhecidos a nível internacional que auxiliam as organizações na mensuração e comunicação do seu impacto ESG. Salientaria o GRI (Global Reporting Initiative), que consiste num modelo de reporte de sustentabilidade de aplicação generalizada a nível mundial, o qual fornece directrizes que são claras, comparáveis e aplicáveis universalmente. Os pilares do reporte consistem na identificação a cargo da empresa de tópicos materiais, ou seja, temas que são mais relevantes para a organização e para os seus stakeholders.

Apesar da crescente divulgação por parte das empresas nacionais de relatórios de sustentabilidade, ainda persistem vários desafios associados à sua elaboração, dos quais realço:

¦ Mensuração de impactos: A maioria dos impactos ambientais e sociais são difíceis de mensurar de forma fiável. Por exemplo, avaliar os efeitos de programas sociais em comunidades locais ou medir a pegada de carbono de uma cadeia de fornecimento pode ser de extrema complexidade. As organizações podem encontrar desafios ao tentar capturar e reportar impactos que não podem ser facilmente mensurados ou validados.

¦ Ausência de informação confiável: A qualidade do relatório é influenciada pela qualidade dos dados obtidos. Muitas organizações enfrentam desafios na obtenção de dados confiáveis e consistentes sobre questões como consumo de energia, emissão de gases de efeito estufa, ou direitos humanos nas suas cadeias de fornecimento. A falta de mecanismos eficazes de monitorização e a dispersão de dados em diferentes fontes de informação dificultam a sua verificação e utilização.

¦ Recursos: A elaboração de relatórios com qualidade exige tempo, recursos e conhecimentos especializados, originando um investimento por parte das empresas em recursos humanos qualificados ou a contratação de consultores.

Leia o artigo integral na edição 805 do Expansão, de sexta-feira, dia 06 de Dezembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

Logo Jornal EXPANSÃO Newsletter gratuita
Edição da Semana

Receba diariamente por email as principais notícias de Angola e do Mundo