The New York Times tem nova estratégia para a área digital
The New York Times, EUA
A New York Times Company revelou no final da semana passada a sua nova estratégia de reposicionamento na era digital, que se focaliza nas assinaturas pagas e na expansão internacional, após confirmar uma quebra nas receitas líquidas do primeiro trimestre e perdas continuadas nas receitas publicitárias.
A empresa está a desenvolver uma série de produtos pagos, disponíveis através de um plano que prevê diferentes escalões de preços. É possível pagar um preço mais baixo só para ter acesso às principais notícias do dia ou a conteúdos sobre assuntos específicos, tais como política e tecnologia. Nos escalões acima, a pensar nos assinantes da versão impressa e nos interessados em ter "acesso digital total", o leque de propostas é mais alargado e inclui eventos ao vivo e acesso a toda a família.
"Esta estratégia deve ser vista como o primeiro grande passo da empresa para um crescimento sustentável", sublinha Mark Thompson, CEO da New York Times Company desde Novembro, que considera possível obter receitas adicionais já no fim do ano, embora não espere ter resultados operacionais antes do final de 2014.
Os resultados do primeiro trimestre mostram que é urgente relançar o crescimento e diversificar o negócio. A receita total no trimestre caiu dois por cento, para 465,9 milhões USD. Os ganhos em receitas de circulação, impulsionados pelo aumento das assinaturas digitais e do preço da circulação impressa, não compensaram a queda acentuada na impressão e na venda de publicidade digital. As receitas de publicidade caíram 11,2 por cento no primeiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado.
Ken Doctor, analista da indústria de media, assinalou uma queda de 13,3 por cento nas receitas de publicidade no papel e disse que, a manter-se esta tendência, os resultados "poderiam ser devastadores" para a estratégia de Thompson. Os lucros líquidos no primeiro trimestre foram de 3,1 milhões USD, ou 2 cêntimos de dólar por acção, abaixo dos 42,1 milhões USD, ou 28 cêntimos de dólar por acção, no período homólogo do ano passado. Esta notícia é divulgada numa altura em que as editoras de jornais nos EUA lançam novas estratégias de assinaturas pagas para dar novo ímpeto ao seu negócio.
O investimento em publicidade nos jornais americanos caiu para metade na última década, período marcado pela instabilidade económica e pela ascensão dos media digitais. Segundo dados da e Marketer, as receitas publicitárias na imprensa escrita deverão cair mais 4,2 por cento, para 21,6 mil milhões USD este ano. O NewYork Times reformulou drasticamente o seu modelo de negócio nos últimos anos, reduzindo os activos para se concentrar na marca homónima. A empresa vai vender o jornal Boston Globe no segundo semestre do ano, na sequência de um conjunto de vendas já realizado, que incluiu o grupo de Internet About.com, o grupo de televisão, jornais regionais e uma participação na equipa de basebol Boston Red Sox, para centrar-se no seu activo core.
A nova estratégia, a implementar no quarto trimestre deste ano, também contempla a expansão internacional do New York Times. No início do ano, a empresa anunciou que vai proceder ao rebrand do InternationalHeraldTribune, quepassaráa designar-se International New York Times. Além disso, também existem planos para reforçar a vertente vídeo do New York Times, que vai oferecer acesso gratuito e ilimitado a conteúdos neste suporte. Outras iniciativas incluem alavancar o valor da marca New York Times para vender outros bens e serviços, como jogos ee-commerce.