Quando se começa a falar de Inteligência Artificial, frequentemente se debate o potencial que estas soluções têm (ou não) de substituir ou eliminar postos de trabalho, permutando a mão de obra humana pela "máquina". Este mito talvez tenha crescido na cultura popular graças a eventos como quando, em 1997, o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov foi vencido pela mais recente máquina de Inteligência Artificial, o IBM Deep Blue.

No estudo anual da PwC "Global CEO Survey" realizado aos CEOs das maiores firmas a nível mundial (incluindo em Angola) em Janeiro do corrente ano, 25% dos inquiridos indicaram que acreditam que vão reduzir as necessidades de mão de obra com implementação destas ferramentas. Se nos focarmos apenas nos CEOs Angolanos que responderam a este estudo, este número é ainda maior: 31% acredita que vai reduzir a sua força de trabalho pela implementação destas ferramentas. No sentido oposto, 17% indica que estima aumentar a contratação de mão de obra graças à implementação de IA.

Quer a opinião do leitor penda para o lado dos aderentes ou dos detractores desta tecnologia, a implementação de ferramentas de Inteligência Artificial Generativa, à data de hoje, já não é uma opção: 71% das maiores organizações a nível mundial já a implementaram, e 58% consideram que a IA Generativa é crítica para a melhoria da qualidade dos seus produtos e serviços prestados a clientes, e se manterem assim competitivas.

Mas o que é afinal a Inteligência Artificial Generativa?

Inteligência Artificial (IA) refere-se à capacidade de uma máquina desempenhar tarefas complexas que, historicamente, eram desempenhadas por um humano, tais como o raciocínio, a tomada de decisão ou a resolução de problemas. Já a Inteligência Artificial Generativa (Gen AI) é um subtipo de Inteligência Artificial focada no treino de modelos capazes de interpretar textos, imagens ou som (ou seja, dados), identificar correlações entre eles e gerar novos conteúdos a partir do mesmo.

Face a isto, como se deve um trabalhador (humano) se posicionar perante a Inteligência Artificial Generativa?

A nossa proposta: como se fosse o seu novo superpoder.

Os maiores use cases (casos de uso) de utilização de Gen AI não são de casos de substituição de um ser humano, mas sim casos de utilização destas soluções para optimizar o trabalho de um ser humano levando a produzir um resultado igual ou (significativamente) superior e em menos tempo do que demoraria sem o apoio destas soluções. Num estudo do FMI (Fundo Monetário Internacional) realizado em Dezembro de 2023, foi identificado que cerca de 10-15% dos postos de trabalho nas economias em desenvolvimento terão uma elevada exposição à utilização de ferramentas de Inteligência Artificial. Já a nível mundial, esta estatística é superior - cerca de 40%.

O mesmo estudo revelou que a Inteligência Artificial Generativa ajudou os colaboradores qualificados menos experientes a aumentar a sua produtividade e qualidade de trabalho, de forma mais rápida do que pelo simples "acumular de experiência" - levando, desta forma, ao aumento dos seus salários.

Se agregarmos a estas estatísticas o facto de, em Angola, a população ser bastante jovem (aproximadamente 75% tem menos de 30 anos de idade), concluímos que os trabalhadores qualificados das empresas Angolanas terão, nas soluções de Gen AI, uma oportunidade para melhorar a sua produtividade e qualidade do seu trabalho - e consequentemente o salário.

Leia o artigo integral na edição 803 do Expansão, de sexta-feira, dia 22 de Novembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui.