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Mudar... Um pouco

EM ANÁLISE

Uma pessoa de mentalidade progressiva (ou de crescimento) é aquela que: acredita que as suas capacidades podem ser desenvolvidas. Que as mudanças podem ocorrer através de um esforço pessoal, enquanto protagonista e criador da sua realidade.

Quer o cérebro quer o resto do corpo humano passam por tantas mudanças ao longo da vida que, tal como a mudança das nuvens no céu, é muito difícil detectá-las. Vejamos: em quatro meses os nossos glóbulos vermelhos são completamente substituídos, as células da pele são renovadas em poucas semanas, a cada sete anos sensivelmente todos os átomos do nosso corpo são substituídos por novos átomos. (Pode acreditar. A minha irmã é médica. PhD mesmo). Parece que, em termos físicos, estamos constantemente a ser novas pessoas. Parece igualmente que quem quer mudar devia aprender com a nossa própria natureza. Parece ainda que a capacidade de mudar tem a assinatura dos deuses da biologia.

Por outro lado, porém, R. Vaden diz que "o cérebro humano não foi projectado para o sucesso, mas para a sobrevivência." E sobrevivência significa necessariamente conservação e poupança de energia. O sucesso é o oposto, exige gasto de energia, esforço. (Daí ... a procrastinação. É mais confortável desligar o alarme e continuar a dormir do que acordar às... 04h00. Decerto que você me entende.). E esforço é banho. (Quem mesmo disse isso?!). É todos os dias. Basicamente, somos resistentes ou, eufemisticamente, mais selectivos na hora de ... mudar a nossa rotina, melhorar a nossa dieta, inovar nos nossos relacionamentos, etc. É isso que Vaden sugere. Continuemos...

Complementarmente, uma das verdades mais surpreendentes no que toca a mudança é a de que a espécie humana, para evoluir, tem absoluta necessidade de abraçar a mudança, mas tende, ao mesmo tempo, a resistir a ela. Esse paradoxal fenómeno recebeu o nome de «homeostasia». A homeostasia é um conceito trazido à tona pelo fisiólogo C. Bernard e aplicado aos comportamentos. A ideia por detrás dele é a de que: quando uma pessoa tenta mudar, o sistema em que está inserida activa uma força igual e contrária destinada a manter o equilíbrio inicial, mesmo que esse seja inadequado. Todos os organismos vivos, todos os sistemas, têm essa tendência natural de... estabilidade. Assim, tudo que seja "desequilibrador" é expulso. É uma questão de: "a gente sempre fez assim. Vamos mudar por quê"?! (Por causa da Kodak, da Nokia e da Blockbuster, por exemplo).

Então, ao que parece, até a própria natureza está contra nós, a despeito de a parte inicial deste texto evocar algo diferente. Não queria dizer, mas os processos de mudança são penosos, às vezes extraordinariamente difíceis, sobretudo quando se trata de velhos hábitos, práticas muito enraizadas e inconscientes. Nós somos os nossos hábitos, no fim do dia. Bons ou maus, conscientes ou involuntários. Nós somos aquilo que eles nos tornam. E mudar isso... oohh!

O que se pode então fazer? Que boas notícias há? Bem, chamemos a Dra. C. Dweck, a Sra. Mindset, como gosto de a chamar. Dweck, no best seller "Mindset", faz uma série de observações que nos levam a reflectir sobre a força da mentalidade. Quem já leu este livro tem um bom instrumento para deixar de culpar os outros pelos resultados obtidos; e para olhar para a vida com grande sentido de responsabilidade e de "super-poder", de ser ele mesmo o criador e transformador da sua realidade, do seu ambiente. Como assinalou L. Karnal, aqui em Luanda, no passado 06/07, de ser o "Protagonista."

A autora traça uma clara linha de separação entre aquilo que ela considera (pessoas de) mentalidade fixa e (pessoas de) mentalidade de progresso. (Sugiro vivamente que adopte a segunda). (Atitudes mentais não passam de crenças, mas crenças muito poderosas).

Mudança de hábitos tem a ver com muitos aspectos. Desde logo, com a nossa personalidade; mas também com a recompensa/resultados a obter; com a repetição de acções (e não com os tristemente célebres 21 dias); e sobretudo com a nossa consciência, entre outras coisas.

O que gosto verdadeiramente de enaltecer, porque das poucas coisas que ainda controlamos em nós mesmos é o nosso comportamento, é que devemos responder à pergunta: que pessoa quero me tornar? A resposta é a chave da mudança. E essa visão vai guiar os nossos comportamentos e as nossas escolhas. Quando perguntam à Telma o que ela tomou ou, mais maliciosamente, que cirurgia fez por ela ter perdido mais de 20 kg, depois de um parto, em pouco mais de seis meses, sentir-se bem consigo mesma, passando de M para XS... digo que a pergunta não está certa. A pergunta é, agora já sabe: qual a sua nova identidade? A Telma descobriu que mudança é uma decisão não delegável e exige acção.

Leia o artigo integral na edição 796 do Expansão, de sexta-feira, dia 04 de Outubro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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