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Novas tecnologias como catalisadores da transformação fiscal das empresas

CONSULTORIA EM

A par da automação, a IA generativa veio também trazer um novo paradigma para a fiscalidade. Robôs equipados com IA generativa podem processar dados fiscais complexos, aprendendo e gerando previsões com um elevado grau de precisão, sugerir estratégias de optimização fiscal, traduzir e resumir documentos de complexidade elevada

A Era digital revolucionou a economia e trouxe importantes alterações para todas as áreas, não tendo a gestão fiscal das empresas ficado imune a essas mudanças. Ferramentas tecnológicas como a automação e a inteligência artificial (IA) generativa estão a revolucionar a forma como os departamentos fiscais operam, proporcionando maior agilidade, precisão e eficiência na recolha de dados, no tratamento de informações e, consequentemente, na tomada de decisões.

A automação surge hoje como uma solução para as actividades rotineiras e repetitivas existentes no seio das organizações. Ao substituir o trabalho humano, a automação minimiza erros, optimiza tempo, aumenta a eficácia e a competitividade das empresas. Processos de reconciliação fiscal, apuramento de impostos, preenchimento de declarações e cumprimento de muitas outras obrigações acessórias podem ser automatizados, permitindo que os profissionais direccionem o seu foco para a gestão da estratégia fiscal da sua organização.

Tomemos a título de exemplo as grandes reformas fiscais que se encontram em curso a nível internacional, em particular as trazidas pelo Pilar 2 do Projecto BEPS 2.0 da OCDE, que são um sinónimo de aumento de custos com o compliance fiscal para muitas empresas multinacionais que cumpram os respectivos critérios de eleição. A presença em múltiplas jurisdições, associada a obrigações adicionais de reporte fiscal, conjugada com um elevado volume de dados a tratar, fazem com que a automação desempenhe um papel preponderante na gestão fiscal dos Tax Directors.

A par da automação, a IA generativa veio também trazer um novo paradigma para a fiscalidade. Robôs equipados com IA generativa podem processar dados fiscais complexos, aprendendo e gerando previsões com um elevado grau de precisão, sugerir estratégias de optimização fiscal, traduzir e resumir documentos de complexidade elevada.

A IA generativa pode também identificar padrões e tendências, permitindo extrair insights de elevados volumes de dados, sendo uma ferramenta fundamental na monitorização do risco e na antecipação de possíveis contingências fiscais.

Estas tecnologias estão a contribuir de forma determinante para uma mudança de paradigma no domínio da fiscalidade, tornando-a cada vez mais estratégica e menos operacional. A adopção deste tipo de ferramentas é indutora de benefícios não apenas para as empresas, mas também para os seus colaboradores que lidam com as matérias fiscais, permitindo-lhes o desenvolvimento de competências analíticas e estratégicas, aumentando o seu valor não apenas para a empresa, mas também para o mercado de trabalho.

Mas estas inovações tecnológicas também impõem desafios. Será necessário garantir que os profissionais da fiscalidade adquiram as competências adequadas para lidar com as novas ferramentas e se tornem cada vez mais competentes na sua utilização.

Como consequência, está já a repensar-se o "perfil" do consultor fiscal do futuro, sendo expectável que as organizações passem a recrutar cada vez mais profissionais com formação nas áreas tecnológicas, em detrimento daquelas que ainda são as tradicionais áreas de formação das suas equipas. Por outro lado, as denominadas soft skills, como a capacidade de comunicação, de trabalhar em equipa, a flexibilidade e a resiliência e o pensamento crítico, entre outras, tenderão a assumir um papel mais relevante no futuro, em detrimento das competências estritamente técnicas.

Fica claro que o futuro dos departamentos fiscais das organizações é inevitavelmente digital, assumindo-se a automação e a IA generativa como factores críticos de sucesso para uma boa gestão fiscal, permitindo torná-la cada vez mais estratégica e, dessa forma, aumentar o seu valor no seio das empresas.

Importa, todavia, não perder de vista que a introdução de tecnologia nas organizações não só não é necessariamente rápida, como o seu custo também pode ser elevado. Torna-se, por isso, crítico repensar todo o modelo operacional por forma a identificar tecnologia a que se mostra mais adequada face ao estágio de maturidade da função fiscal na organização, as actuais competências técnicas dos profissionais e aquelas que será necessário adquirir, as funções que deverão ser internalizadas ou externalizadas, entre outros condicionalismos operacionais, e naturalmente, o orçamento disponível para este processo transformacional.

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