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Grande Entrevista

"A grande crítica não é termos falhado certos resultados. É não estarmos no caminho correcto"

Paulo Inglês, vice-reitor da Universidade Jean Piaget de Angola

O académico faz uma análise à sociedade com um olhar especial sobre a educação e o ensino superior. Sem grandes rodeios, defende que o travão do País continua a ser a cultura política extremamente autoritária e equivocada, que não tem permitido desenvolver as capacidades e todo o potencial dos angolanos

Uma economia altamente dependente de apenas um sector, com poucos actores privados de relevo, complica as saídas profissionais e também retira força às universidades?

Isto é um mal da própria estrutura económica de uma economia de renda. A economia de renda até condiciona politicamente o País, porque no fundo é o Estado que controla e que negoceia com as petrolíferas. E isto tem reflexos na educação, evidentemente. Os cursos de engenharia não são os cursos com mais alunos na Piaget, os cursos com mais alunos são Direito, Economia e Enfermagem.

Ramos do conhecimentos muito associados ao Estado e à função pública.

Está tudo interligado. Não é possível ter uma universidade boa com uma economia má.

Nesse caso o discurso da falta de qualidade já se tornou quase um anátema. As doenças, a falta de saneamento básico e os efeitos da pobreza extrema colocam uma boa parte das crianças angolanas sem condições para atingir todo o seu potencial?

Os problemas de nutrição têm impacto a nível cognitivo. Em alguns casos não são recuperáveis. Depois a educação deveria arrancar no pré-escolar, é muito difícil começar um processo a meio do caminho. As famílias também não investem muito nas crianças, mesmo em objectos e estímulos cognitivos. Só a partir de um certo extracto médio é possível identificar uma visão a este respeito. No tempo colonial também havia esses problemas, mas resistia a ideia de que a educação era um elevador social e ajudava a quebrar o ciclo de pobreza. Também é verdade que muitas vezes parece que queremos uma educação como Harvard ou o MIT num país como o nosso. Não podemos separar o facto de sermos um país subdesenvolvido.

(Leia o artigo integral na edição 648 do Expansão, de sexta-feira, dia 29 de Outubro 2021, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)