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Grande Entrevista

"As nossas startups estão a ser tributadas duas vezes pelo mesmo serviço"

LISA VIDEIRA PRESIDENTE DA AASED

Lisa Videira, que comanda a AASED, fala do ecossistema das startups, que "ainda é um bebé". O ecossistema está à espera de uma regulamentação que seja protectora e, acima de tudo, abra portas para as startups se financiarem num mercado atípico.

A Associação Angolana das Startups e Empreendedorismo Digital (AASED) foi idealizada em 2020 e saiu do papel apenas três anos depois. Como foi esse processo?

A ideia da AASED surgiu em 2020 por um grupo de pessoas fundadoras de startups e representantes de programas de incubação, assim como várias outras entidades do ecossistema. Por exemplo, algumas das startups mais antigas do ecossistema, que contribuíram para esta iniciativa, foram a Kepya, a Tupuca a Kubinga, a Appy Saúde, a Sócia, que é relativamente recente e tem estado no mercado a fazer uma diferença enorme, ao ajudar o nosso povo a diminuir os custos na aquisição de alimentos e de outros produtos.

E em relação às entidades que estiveram convosco desde o início?

Temos algumas entidades de incubação, como o Found Institute Luanda, o KiandaHub a Bantu Makers, a Acelera Angola, que reuniram e começaram a debater sobre a importância de termos uma representação legal no nosso ecossistema para defender os interesses e fomentá-lo. Portanto, foi daí que, em 2020, após muitos debates, se decidiu criar a associação, com a missão de fomentar um ambiente para o desenvolvimento e a criação de startups, numa era em que vivemos o digital. Sempre com intuito de criarmos mais empregos e também termos uma associação que possa contribuir para um ambiente de sustentabilidade das startups.

O vosso objectivo é serem intermediários no ecossistema e juntar as entidades e os fundadores?

Nós na AASED acreditamos que os jovens têm muito talento para criar soluções para problemas locais em termos de negócios e tecnologias que possam servir a nossa sociedade. Achamos que é importante dar suporte a estes jovens que têm ideias geniais para solucionar problemas importantes, que a nossa sociedade precisa para continuarmos a crescer como nação. Contudo, é preciso haver uma advocacia, ou seja, defendermos as nossas startups. O nosso objetivo é ser um ponto de conexão entre várias entidades, do Governo a entidades privadas e internacionais, até mesmo dentro do próprio ecossistema e do empreendedorismo digital e de startups, de modo a haver uma conexão para trocarmos serviços, produtos e soluções internas, assim como trabalharmos sempre em prol da mesma missão, que é o desenvolvimento desse ambiente, que é próspero. Por exemplo, um dos pontos dos quatro pilares em que a AASED está focado, o financiamento, é importante que criemos um ambiente de negócios para atrairmos investimento internacional.

Já vamos falar de financiamento, mas ainda, dentro do surgimento, idealizaram a associação numa altura um pouco adversa, em 2020, altura da Covid, quando muitas empresas começaram a morrer, mas em que o negócio digital teve um impulso para crescer.

Bem, é como tudo no mundo dos negócios, onde há crise, há oportunidades. Realmente houve startups, que, durante a Covid, aproveitaram a oportunidade e conseguiram angariar mais clientes e crescer. Muitas delas deram realmente pulos significativos. Menciono o caso da Mano, que faz entregas. Num período em que as pessoas dificilmente saíam de casa, eles começaram a prestar esse tipo de serviços e a solucionar problemas. A própria Kubinga também teve esse crescimento, principalmente na entrega de produtos físicos.

Nem todas foram afortunadas, há quem tenha ficado pelo caminho.

Portanto, houve essa contrapartida por causa da pandemia. Mas também teve o seu o impacto negativo. Muitas startups, que dependiam do acesso direto ao cliente, por exemplo, sofreram de uma forma que não conseguiram reverter a quebra nas vendas e não conseguiram sobreviver. Infelizmente, não consigo ter um número exato, não temos ainda um estudo do mercado e pesquisa de dados que nos permita partilhar essa informação corretamente. Mas aquelas em que temos acompanhado a sua evolução, houve algumas que ficaram prejudicadas. Por isso é que achamos que a associação pode ser uma ferramenta para que haja, por exemplo, a criação de fundos de apoio às startups que precisem de uma injecção do capital, para poderem sobreviver ou até mesmo saírem do nível, que é chamado seed (semente), o nível em que a empresa é um embrião e pretende evoluir para os outros estágios em termos de modelo de negócio.

O modelo de negócio das startups é um conceito novo no mercado?

A própria palavra ainda é nova no mundo dos negócios. A startup é uma empresa com cariz digital, que tem o potencial de vender um produto ou um serviço de forma exponencial ou seja ilimitada, o que faz com que startup tenha um modelo de negócio disruptivo e em constante crescimento.

Leia o artigo integral na edição 778 do Expansão, de sexta-feira, dia 31 de Maio de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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