Executivo prepara programa para o relançamento da produção do algodão
O documento estratégico para a revitalização da cultura do algodão, principal matéria-prima para a indústria têxtil do País, segundo fonte da Direcção Nacional de Agricultura, Pecuária e Floresta, estará concluído em Março próximo.
Angola registou o pico da produção de algodão em 1973, ano em que foram produzidas mais de 86 mil toneladas de algodão-caroço. Entretanto, os níveis de produção reduziram consideravelmente no período pós-independência, tendo sido produzidas até 1985, como resultado de uma tentativa de retoma, apenas 300 toneladas. Fruto de um novo esforço para relançar o cultivo do algodão, em 1990, a produção atingiu 3.000 toneladas, 'um crescimento que não foi contínuo devido a problemas a nível da comercialização e da falta de financiamento para a manutenção e renovação dos equipamentos'.
Para dar resposta aos desafios impostos pela reabilitação, em perspectiva, de três indústrias têxteis nas províncias de Luanda, Kwanza-Norte e Benguela, projectos para os quais estão já garantidos 1,2 biliões USD, num financiamento do JBIC - Banco do Japão para a Cooperação Internacional, o Executivo trabalha neste momento na elaboração do Programa Nacional para o Relançamento da Produção do Algodão no País.
Segundo o engenheiro agrónomo Carlos Francisco Canza, da Direcção Nacional de Agricultura, Pecuária e Floresta, que revelou o facto ao Expansão, trata-se de um processo integrado que inclui também a instalação de fábricas de descaroçamento e prensagem de algodão, assim como a revitalização do sector de confecções, que está a ser desenvolvido pela empresa de consultoria sul-africana Angola-Alliance, com o envolvimento de técnicos do Ministério da Agricultura, devendo estar concluído até o mês de Março, altura em que será submetido a apreciação e aprovação dos órgãos competentes.
De acordo com Carlos Canza, responsável pela área de relançamento do cultivo do algodão da Direcção Nacional de Agricultura, à luz do programa estratégico em preparação, a retoma da produção será feita tanto na vertente de sequeiro como de regadio. Pensa-se envolver cerca de 120 mil camponeses, mobilizando-se assim cerca de 120 mil hectares. O que se pretende, afirmou, é organizar os camponeses em associações e cooperativas, para que possam ter acesso ao crédito de campanha e assistência técnica. Pontualizou que, numa primeira etapa, a produção vai arrancar apenas nas províncias de Malanje e Kwanza-Sul, 'com grande tradição na cultura do produto', para posteriormente estender-se para um outro grupo de províncias em que se destacam Benguela, Bengo, Kwanza-Norte, entre outras, porque como frisou 'existem as regiões favoráveis e outras que são potenciais produtoras de algodão'.
A ser implementado de forma faseada, especificou, o programa prevê a instalação de onze fábricas de descaroçamento e prensagem de algodão, nas províncias de Malange, Kwanza-Norte, Kwanza-Sul, Benguela e Bengo. A fonte confidenciou que para Malange está já garantido um financiamento conjunto da empresa indiana Angellique-International e o Ministério angolano da Indústria, avaliado em 15 milhões USD, devendo os trabalhos iniciarem ainda este ano. A ideia, conforme explicou, é de, numa primeira fase, cada camponês fazer cerca de um hectare, o que daria uma área total de 200 mil hectares, tendo em consideração os 100 mil hectares que seriam reservados para os agricultores.