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África

Aliko Dangote à procura de financiamento para concluir maior refinaria de África

SUCESSIVOS ATRASOS COMPLICARAM AS CONTAS DO GRUPO

A Nigerian National Petroleum Corporation concordou comprar participação de 20% na refinaria, por 2,8 mil milhões USD, mas ainda é insuficiente. Serviço da dívida do grupo Dangote está avaliado em 700 milhões USD/ano.

O homem mais rico de África, Aliko Dangote, está a tentar obter empréstimos no valor de 638 mil milhões de nairas (o equivalente a 1,1 mil milhões USD) para concluir a sua refinaria, antes de o actual Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, completar o mandato, a 29 de Maio de 2023, revela um relatório da agência de notação Fitch, que dá conta de problemas financeiros na recta final da maior refinaria de África. A refinaria do magnata dos cimentos nigeriano tem vindo a "derrapar", desde que o projecto foi anunciado em 2014, com um custo inicial de 9 mil milhões USD, e um empréstimo de 300 milhões USD do Banco Africano de Desenvolvimento (AFDB).

Um ano depois, e já com o orçamento fixado entre os 12 e os 14 mil milhões USD, as obras arrancaram. Mas os sucessivos atrasos empolaram os gastos para os 19,9 mil milhões USD no início de 2022, um ano antes da data prevista de conclusão da refinaria, integrada no complexo petroquímico da Zona Franca de Lekki, com capacidade para refinar 650 mil barris por dia. Em Setembro de 2021, e após um ano de pandemia, que submeteu a economia mundial a um bloqueio global, Aliko Dangote iniciou conversações com alguns dos maiores negociantes mundiais de petróleo, nomeadamente a Trafigura e a Vitol, para obter financiamento, após sucessivas correcções no orçamento.

Segundo relata o Daily Independent, em Junho do ano passado, a estatal de petróleos Nigerian National Petroleum Corporation (NNPC) concordou comprar uma participação de 20% na refinaria por cerca de 2,5 mil milhões USD. Verba que subiu para os 2,8 mil milhões USD, segundo relata a Reuters em Setembro de 2021, menos de três meses depois. Uma parcela de mil milhões USD seria obtida junto do Afreximbank, segundo confirmou o director-geral da NNPC, Mele Kyari.

A entrada da concessionária nigeriana foi relacionada com a necessidade de apressar a conclusão das obras. Ruptura financeira Um mês antes, a Sahara Reporters, agência de notícias com sede em Nova Iorque e foco na Nigéria, apontava o risco de ruptura financeira do Grupo Dangote em resultado de uma dívida de 7 mil milhões USD, e com o serviço da dívida a absorver 700 milhões USD por ano. "Com a refinaria agora projectada para começar a funcionar em 2025, o endividamento do Grupo Dangote a instituições financeiras está estimado em 8,4 mil milhões USD até 2025", escreveu a publicação em Agosto do ano passado. Quando revelou os primeiros planos para a refinaria, em Setembro de 2013, Aliko Dangote anunciou que tinha garantido cerca de 3,3 mil milhões USD em financiamentos para o projecto, com custos estimados em 9 mil milhões USD.

O grupo, com presença em 17 países africanos, avançaria com os restantes três mil milhões USD. Fundado em 1981 pelo homem mais rico de África, o Grupo Dangote é o maior conglomerado de África Ocidental, e líder no mercado de produção de cimento, moagem de açúcar, operações portuárias, produção e material de embalagem e refinação de sal. Uma das filiais do grupo, a Dangote Cement Plc, é a maior empresa cotada na África Ocidental e a primeira empresa nigeriana a juntar-se à lista Forbes Global 2000 Companies