O Banco Central do Zimbabué anunciou a venda, na primeira semana de Agosto, de um novo lote de 2.000 moedas de ouro, após o lançamento, em Julho, de 1.500 moedas de ouro Mosi-oa-Tunga como "produto financeiro alternativo estável de valor", num esforço para controlar a inflação.

As 1.500 moedas de ouro lançadas no dia 25 de Julho através dos bancos comerciais e instituições autorizadas, esgotaram, apesar do preço de venda por unidade de 1.823,8 USD, tendo 85% sido compradas com moeda local, segundo o governador do banco central, John Mangudya. O preço da Mosi-oa-Tunga é publicado, diariamente, e basear-se-á no "preço anterior", a que acrescem "5% para cobrir o custo de produção e distribuição das moedas em ouro", esclarece o Banco de Reserva do Zimbabué (RBZ) em comunicado.

Todas as moedas são vendidas com "certificado ao portador" com vários elementos de segurança, que incluem Código QR variável e papel de segurança com marca de água. Percy Gwanyanya, do Comité de Política Monetária, adiantou ao Sunday Mail que as moedas de ouro são um instrumento que o banco central está a utilizar para limpar o excesso de liquidez nas mãos de construtores, investidores institucionais e fundos de pensões.

Os compradores nacionais, incluindo particulares podem comprar em moeda nacional ou estrangeira, assim como as empresas nacionais. Já as entidades exportadoras devem comprar a Mosi-oa-Tunya em moeda estrangeira, a partir das suas porções de exportação retidas. Aos exportadores cujas receitas anuais em 2021 foram inferiores a 1 milhão USD será exigida "a aprovação de um controlo cambial específico". A compra é vedada às instituições bancárias locais, que por enquanto só podem receber para venda posterior aos seus clientes.

Novas emissões em aberto

Os compradores da Mosi-oa-Tunya podem optar por reter as moedas de ouro num banco ou levá-las para casa e usá-las nas suas transacções. Contudo, só podem trocá-las por numerário 180 dias após a data da sua compra, esclarece o RBZ. No comunicado onde anuncia o lançamento de um novo lote de 2.000 moedas de ouro, o governador do banco central deixa em aberto novas emissões para "satisfazer a procura" e regista o impacto das recentes medidas de política monetária sobre a economia, que se traduzem na diminuição da inflação, que baixou de 30,7% em Junho de 2022 para 25,6% em Julho de 2022.

O lançamento das moedas em ouro visa aumentar a confiança do público na moeda nacional, já que por causa da hiperinflação muitos zimbabueanos preferem adquirir dólares americanos no mercado negro, nas suas transacções diárias ou para fazer poupanças, em vez de usarem a moeda nacional. Mas analistas olham com cepticismo, uma vez que a maioria dos cidadãos não tem dinheiro suficiente para comprar uma unidade de Mosi-oa-Tunya, pelo que vão continuar a recorrer ao mercado paralelo para adquirir moeda estrangeira