Cerca de 320 elementos da Polícia Judiciária portuguesa varreram o país de Norte a Sul, no decurso da chamada "Operação Miríade", e prenderam, pelo menos, dez militares portugueses, alguns deles que já estavam fora do exército ou colocados em outras forças de segurança portuguesas.

O ministro da Defesa português, João Gomes Cravinho, assumiu que tinha conhecimento desta eventual rede de contrabando de diamantes, ouro e droga da RCA para o aeroporto militar de Figo Maduro, nos arredores de Lisboa, desde Dezembro de 2019, e nessa altura deu conhecimento às Nações Unidas das suspeitas e investigação das autoridades portuguesas.

Os militares contrabandeavam os diamantes, ouro e droga em aviões militares que não eram inspecionados à chegada a Portugal, sendo que esse procedimento se alterou, entretanto.

Os militares estão entre as centenas de efectivos das tropas de elite portuguesas, incluindo para-quedistas e "comandos", que fazem parte da missão de paz das Nações Unidas na República Centro-Africana, e foi o comandante português dessa missão que fez, em 2019, a denúncia sobre o possível envolvimento de dois militares portugueses no tráfico de diamantes.

Percebe-se agora que a rede que eventualmente partia dos militares portugueses se alargava a uma rede internacional. Os diamantes que chegavam a Portugal seguiam para Bélgica, mais concretamente para Bruxelas e Antuérpia onde eram vendidos.

O negócio terá chegado aos 500 milhões de euros e era dissimulado através de um complexo esquema de criptomoedas e testas-de-ferro que ficavam com 50% dos ganhos.