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RD Congo manda chineses da CMOC suspender exploração em mina de cobalto

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A empresa chinesa defende a necessidade de envolver um terceiro independente para resolver a disputa com o governo da RDC. A RDC tem a maior reserva de cobalto, minério que suscita enorme procura, do mundo.

A suspensão da gigante chinesa CMOC ocorre depois de alegadamente não ter respondido imediatamente a uma solicitação para a partilha de toda a informação relativa à comercialização e exportação de cobalto em associação com a empresa pública Gecamines.

A empresa estatal, que é accionista minoritária na exploração Tenke Fungurume, acusou a CMOC de se recusar desde Janeiro a compartilhar informações técnicas sobre o projecto, incluindo o tamanho das reservas de cobalto. O governo da RDC suspeita que a CMOC tenha subestimado os níveis de reservas de minerais para reduzir os pagamentos à que Gecamines.

Na sequência desta disputa, um tribunal congolês nomeou um novo administrador para gerir a segunda maior mina de cobalto do mundo durante seis meses. O novo administrador enviou duas cartas ao Governo nos dias 29 de Junho e 1 de Julho. Na primeira, o administrador reiterava a solicitação da Gecamines, ou seja, ordenou à CMOC que partilhasse toda a informação relativa à comercialização e exportação desde 1 de Janeiro no prazo de 24 horas. Na missiva foi denunciado também que as condições de comercialização previamente combinados não tinham sido cumpridas.

Mais tarde, na carta de dia 1 de Julho, ordenou que a autoridade aduaneira da RDC suspendesse as exportações da Tenke Fungurume. A empresa minera chinesa, que está cotada na bolsas de Xangai e Hong Kong, disse há semanas em comunicado separado que houve um "progresso significativo" nas negociações e defendeu que o envolvimento de uma terceira parte, de origem independente, para ajudar a resolver a disputa com o governo.

A disputa coincide com o anúncio que dá conta que a CMOC vai investir cerca de 1,8 mil milhões USD na primeira fase do desenvolvimento do projecto da mina de cobre e cobalto de Kisanfu, também na RDC. O governo chinês já reagiu ao caso através do embaixador residente naquele país. O diplomata garantiu que o governo de Pequim está a acompanhar de perto a disputa entre a Gecamines e a CMOC e "garantiu que os direitos das empresas chinesas vão ser respeitados" . "Devemos encorajar as duas empresas a manter um diálogo sem usar o aparato do Estado ou recorrer a métodos brutais", disse o embaixador Zhu Jing citado pela Reuters.

A CMOC adquiriu a participação majoritária à Tenke Fungurume em 2016 por 2,65 mil milhões USD à empresa norte-americana Freeport-McMoRan. Em 2019, gastou mais 1,14 mil milhões USD para aumentar a participação para 80%. Os restantes 20% são controlados pela Gecamines.

A RDC tem as maiores reservas de cobalto do mundo, um ingrediente chave para a produção de baterias de veículos eléctricos e telemóveis. A mina Tenke Fungurume é uma das maiores empregadoras da RDC com cerca de 7.000 trabalhadores.