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África

Ruanda e Senegal vão produzir vacinas contra a covid-19

Vacinas para África, feitas em África pode ser uma possibilidade dentro de quatro anos

A empresa alemã fundada por um casal turco BioNTech fechou um acordo com o Ruanda e com o Senegal para abrir as primeiras instalações para a produção, em África, das vacinas mRNA (ARN mensageiro).

A biotecnológica alemã, que está empenhada em apoio o continente africano no combate à pandemia da covid-19, avançou que o arranque para a construção das instalações para a produção da vacina deve começar em meados de 2022, ainda que não tinha dito em que país se daria esse arranque.

"Juntos, trabalharemos no desenvolvimento de uma rede de produção regional para apoiar o fabrico de vacinas em África, para África", disse o presidente-executivo e co-fundador da BioNTech, Ugur Sahin, através de um comunicado.

O objectivo da BioNtech é um pouco mais vasto, para além da produção sustentável das vacinas, pretende, no seu conjunto, contribuir para a melhoria dos cuidados médicos em África, disse ainda Ugur Sahin.

As novas instalações a ser edificadas não se ficam só pela produção de vacinas contra a covid-19, mas também são o ponto de partida para pesquisa e investigação de forma que possa desenvolver vacinas para outras doenças, as que afectam os países mais pobres, quer no continente africano quer em outros lugares.

A BioNtech acrescentou que a empresa, uma vez totalmente operacional, terá uma linha de produção capaz de fornecer cerca de 50 milhões de doses de uma vacina por ano.

E sobre estas notícias há já quem tenha feito sérias críticas, Anna Marriott, da People"s Vaccine Alliance, veio dizer que esta acção da BioNTech parece "pouco" e "tarde" para "quem lucrou tanto com a pandemia", além do mais, 50 milhões de doses por ano é muito pouco, a fábrica alemã da BioNTech é responsável, a cada mês, por um quarto das 2,5 mil milhões de doses de vacina que a Pfizer e a BioNTech se comprometeram a produzir... mensalmente.

O acordo da BioNTech com os dois países do continente africano segue-se à notícia anunciada pela Moderna no mês passado de um plano financeiro de cerca de 500 milhões de dólares para estabelecerem em África a produção da vacina mRNA (ARN mensageiro) dentro de quatro anos, como unidade autónoma, sem depender dos quaisquer governos locais. Em que país é que a Moderna tenciona fazer isso é que não se sabe.

Entretanto, a Moderna já anunciou que vai disponibilizar 110 milhões de doses de vacina contra a covid-19, "a um preço mais baixo", para a União Africana, com a entrega, ainda este ano, de 15 milhões de doses.

Antes do acordo de parceria com Ruanda e com o Senegal, a BioNTech lançou em Julho um projecto de P&D para uma vacina contra a malária na África. As vacinas contra a tuberculose e o HIV estão também nos planos da BioNTech.

Com a Pfizer, a BioNTech quer ainda trabalhar com o Instituto Biovac, na África do Sul, onde não se produz a vacina, mas onde os frascos que a contém podem ser produzidos e cheios. A infra-estrutura sul-africana deve estar iniciar a sua produção em 2022, com, mais de 100 milhões de poses por ano, o que será insuficiente, e por isso as importações da vacina produzida na Europa devem continuar.

O acordo da BioNTech com o ministério da saúde de Ruanda e o Instituto Pasteur do Senegal visa permitir que as instalações produzam vacinas de mRNA do início ao fim na África, mas tudo isto, entre o arranque e a produção, pode levar anos, estima-se que não menos de quatro.

Matshidiso Moeti, directora regional da Organização Mundial da Saúde para África, chamou as instalações de "reviravolta do jogo" não apenas para a saúde pública, mas também para o desenvolvimento económico do continente.

"Isso também é crucial para a transferência de conhecimento e know-how, trazendo novos empregos e capacidades e, em última análise, fortalecendo a segurança sanitária da África", afirmou Moeti.