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África

Sanções ao Níger pesam nos vizinhos e CEDEAO tenta a paz

AGENTES ECONÓMICOS NIGERIANOS AO LONGO DE 1.600 KM DE FRONTEIRA PENALIZADOS POR EMBARGO

Agentes económicos da Nigéria que vivem do comércio transfronteiriço com o Níger já sentem o peso das sanções da CEDEAO à junta militar que assumiu o poder no país, após o golpe de estado de 26 de Julho. Após posição inicial musculada, presidência nigeriana suaviza discurso, mas militares nigerinos fecham a porta ao diálogo.

Dois dias depois de esgotar o prazo dado pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para a junta militar restituir a ordem constitucional no Níger, que terminou no domingo, o Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, defendeu a "diplomacia" como a "melhor via" para resolver a crise no país e evitar uma intervenção militar, mas viu recusada a primeira tentativa de diálogo com os autores do golpe de Estado de 26 de Julho.

Uma delegação tripartida da CEDEAO, União Africana e ONU, que deveria reunir com a junta militar em Niamey, terça-feira, viu a sua entrada recusada e a tentativa de diálogo esbarrar na intransigência dos líderes golpistas. O autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP) qualificou de "inútil" a missão da CEDEAO, já que a sua posição sobre o Níger é conhecida. Isso mesmo afirmou fonte da presidência da junta militar à agência espanhola EFE, referindo-se às sanções impostas pelo bloco de 15 países, e que estão a provocar prejuízos aos agentes económicos dos países que fazem fronteira com o Níger.

As declarações do Chefe de Estado nigeriano, que detém a presidência rotativa da comunidade de 15 países, representam um recuo face à primeira posição musculada da CEDEAO, confrontada nos últimos três anos com vários golpes de estado. A 30 de Julho, a CEDEAO anunciou o encerramento das fronteiras terrestres e aéreas entre os países da comunidade económica e o Níger e suspendeu todas as transacções comerciais e financeiras com aquele país. Sanções que geraram um impacto económico significativo na Nigéria, nos agentes económicos e comunidades que vivem ao longo dos 1.600 quilómetros de fronteira com o Níger.

Filas de camiões

"Normalmente, entre 20 a 30 carros fazem o transporte diário entre Dankama e o Níger a partir daqui, mas desde o encerramento, nem um carro sai do parque", ilustrou Abdullahi Badamasi, vice- -presidente da União Nacional dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários (NURTW) em Dankama, ao Premium Times. Comerciantes e taxistas também dependem do comércio transfronteiriço, paralisado com as sanções. Do lado de lá da fronteira, no Níger, dezenas de camiões "alinhados na estrada" aguardam autorização para atravessar, relata o jornal nigeriano.

Como resposta às sanções e receio de uma intervenção militar, a junta militar no Níger anunciou o encerramento do seu espaço aéreo, decisão que afecta a movimentação de aviões para a África Ocidental e Austral. Um Airbus A380 da British Airways, que saiu de Joanesburgo, África do Sul, domingo, com destino a Londres- -Heathrow, teve de voltar para trás quando sobrevoava o Chade, na altura em que os militares anunciaram o encerramento do espaço aéreo, e regressar ao ponto de partida. Outros voos têm sofrido atrasos e custos acrescidos, com os desvios nas suas rotas.

Um teste à França

Os chefes de Estado da CEDEAO reúnem, novamente esta quinta- -feira, em Abuja, Nigéria, para decidir a resposta à junta militar. Dois dias antes, terça-feira, o porta-voz de Bola Tinubo, Ajuri Ngelale, deixou antever que a opção por uma intervenção militar esmoreceu e criou anticorpos dentro da organização pelo potencial explosivo na instável região do Sahel. Tinubu e os dirigentes dos outros países, como referiu Ngelale, "preferem uma resolução por via diplomática, por meios pacíficos".

Os governos de transição do Burkina Faso e do Mali, governados por juntas militares, foram os primeiros a declarar a sua oposição a uma intervenção militar no Níger, encarando-a como uma "declaração de guerra" aos seus países. Argélia, que também tem fronteira a sul com o Níger, opôs-se igualmente.

A junta militar liderada pelo general Abdourahamane Tiani culpa o presidente deposto pela crise económica. Os militares alegam que Mohamed Bazoum não fez nada para combater o terrorismo islâmico e cedeu aos interesses da França, que continua a beneficiar dos recursos naturais do país, principalmente lítio e urânio, enquanto a maioria da população, estimada em 25,3 milhões de pessoas, está mergulhada na pobreza.

Leia o artigo integral na edição 737 do Expansão, de sexta-feira, dia 11 de Agosto de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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