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África

Vila Nova está preocupado com "rumores de fraude" e Posser da Costa pede "transparência"

Segunda volta das eleições presidenciais em São Tomé e Príncipe mais de mês depois da data prevista

A segunda volta das eleições presidenciais em São Tomé e Príncipe, inicialmente previstas para 8 de Agosto, decorre passado mais de um mês depois da data prevista, porque o terceiro classificado da primeira volta, Delfim Neves, recorreu ao Tribunal Constitucional a quem pediu a recontagem dos votos, criando um imbróglio jurídico que pôs em causa os prazos normais do processo eleitoral.

Há dois candidatos à sucessão de Evaristo Carvalho na presidência de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, o vencedor da primeira volta, realizada a 18 de Julho, com 43,3% dos votos e que é candidato da Acção Democrática Independente (ADI) partido da oposição, e Guilherme Posser da Costa, apoiado pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD) e na segunda volta conta também com o apoio dos restantes partidos que compõem a 'nova maioria', que suporta no parlamento o Governo de Jorge Bom Jesus (Partido Convergência Democrática e coligação UDD/MDMF), que obteve, na primeira volta, 20,7% da votação total.

Posser da Costa disse neste domingo, logo após ter depositado o seu voto em urna, numa eleição de fraca adesão e com alguns boicotes locais, esperar que a segunda volta decorra "na maior transparência" e aproveitou para apelar para que os são-tomenses acorram às urnas.

"Espero que efectivamente as eleições decorram e os resultados do processo eleitoral se façam na maior transparência, que não haja outro tipo de irregularidades, porque quero ser Presidente de São Tomé e Príncipe e de todos os cidadãos são-tomenses sem um único voto fraudulento", afirmou Posser da Costa, depois de votar na mesa no complexo Viana da Mota, na capital são-tomense, cerca das 10h00 locais (mais uma hora em Luanda).

O candidato, que se mostrou confiante na sua vitória nesta segunda volta das eleições, acrescentou: "Quero ser um Presidente da República legitimado de forma transparente e inequivocamente representando a vontade do povo de São Tomé e Príncipe", e deixou um apelo: "Não fiquem em casa, não deixem o vosso futuro na mão dos outros porque só com todos nós é que vamos construir o país. Este é o momento único, o momento privilegiado, para fazerem o exercício de um dos maiores direitos que têm previsto na Constituição, que é o direito de escolher quem vocês desejam que prossiga as vossas aspirações e que vos represente dentro e fora de São Tomé", afirmou.

O actual primeiro-ministro Jorge Bom Jesus exerceu o seu direito de voto na localidade de Chácara, no distrito de Água-Grande, e disse esperar que o processo de votação para a segunda volta decorra de forma pacífica, como em 18 de Julho.

"Pedir que todo esse processo aconteça neste clima de paz de que desfrutámos, de serenidade, de tranquilidade e que, a semelhança do que aconteceu na primeira volta, nós possamos ter aprendido com os erros e superar os problemas", disse Jorge Bom Jesus.

O primeiro-ministro considerou que "há um fair-play democrático que tem de prevalecer", tendo destacado o "acordo de cavalheiros, político e democrata", assinado há uma semana entre os dois candidatos diante da representante das Nações Unidas em São Tomé e Príncipe.

Estas eleições em São Tomé e Príncipe tem como observadores a CEEAC (Comunidade de Económicas dos Estados da África Central), a União Africana e as embaixadas dos Estados Unidos, Namíbia e Índia.

Bom Jesus acredita que São Tomé e Príncipe tem "uma democracia relativamente madura", com cerca de 30 anos, mas é "sempre susceptível de aperfeiçoamento", considerando que "problemas haverá sempre" e devem ser superados.

Mais preocupado está Carlos Vila Nova que afirmou ainda hoje que a sua equipa vai acompanhar todo o processo de contagem de votos, afirmando-se preocupado com "rumores de fraude".

"Nós também temos preocupações quanto ao exercício deste ato. Como todos sabem, este exercício arrasta-se há quase três meses, contrariamente ao que está previsto nas leis da República. (...) As preocupações, os rumores existentes merecem da nossa parte alguma preocupação, pelo que iremos acompanhar o processo todo com a nossa equipa", disse hoje Vila Nova, após ter votado esta manhã no complexo Viana da Mota, na capital são-tomense.

Questionado sobre a que rumores se referia, o candidato respondeu "rumores de fraude". A sua equipa, acrescentou, acompanhará "o decurso da votação, a contagem dos votos nas mesas, e mesmo o transporte das urnas para locais seguros distritais, para que tudo corra bem".

"Nós defendemos a transparência total neste acto porque para nós é um exercício nobre e um exercício onde é um povo que faz realmente a escolha, onde é o povo que decide o seu futuro colocando nas mãos da Presidência do país alguém da sua preferência", fez questão de sublinhar o candidato vencedor da primeira volta.

Vila Nova recordou que na manhã seguinte à primeira volta, realizada em 18 de Julho, a sua candidatura disse que "havia actos que eram pouco claros" e pediu explicações à Comissão Eleitoral Nacional.

Entre os resultados provisórios e os definitivos, a candidatura de Vila Nova subiu quatro pontos percentuais, para 43,3% do total dos votos, recordou.

"Fomos chamando a atenção porque não queremos que haja incidentes destes que criem dúvidas. (...) Nós não queremos hoje que este ato seja manchado por suspeições. Nós queremos que a imagem do nosso país seja uma imagem limpa, credível, de um país que há 30 anos exerce plena democracia, faz os seus atos eleitorais sem grandes incidentes", comentou o candidato, apoiado pelo partido da oposição ADI.