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Biden reconduz Jay Powell na Fed

Reserva Federal EUA

Optando pela continuidade num momento delicado da economia dos Estados Unidos, o Presidente Biden nomeia Jay Powell para um segundo mandato na Reserva Federal norte-americana. Lael Brainard, que competia com Powell para o cargo, foi nomeado vice-presidente

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nomeou Jay Powell para um segundo mandato como presidente da Reserva Federal norte-americana, ou se quisermos, do The Federal Reserve System, o banco central dos Estados Unidos, optando pela continuidade num momento delicado para a economia norte-americana, que luta contra uma inflação persistentemente alta e uma recuperação irregular do mercado de trabalho.

Lael Brainard, tido como o concorrente directo de Powell para o cargo, foi escolhido para a vice-presidência, tarefa actualmente nas mãos de Richard Clarida.

Biden pediu a Powell e Brainard para o ajudarem a conduzir o país num momento de uma "desecelaração económica histórica" e deu-lhes a responsabilidade apoiarem os Estados Unidos no "caminho da recuperação". Em concreto, disse: "estou confiante de que o foco" de Powell e Brainard será "em manter a inflação baixa, os preços estáveis e proporcionar pleno emprego" e tornar a economia norte-america numa economia forte outra vez.

O Presidente Biden acrescentou ainda que um e outro partilham "da minha profunda convicção de que é necessária uma acção urgente para lidar com os riscos económicos que representam as mudanças climáticas e para fazer frente aos riscos emergentes do nosso sistema financeiro".

Para além destes dois nomes, o Presidente não indicou mais ninguém para os cargos de topo na Fed, o que só deverá fazer em Dezembro.

Havia uma grande especulação sobre se Biden iria ou não manter o presidente da Reserva Federal, numa altura em que o banco central mostrava algumas hesitações quanto à política monetária a seguir para conter a pressão inflacionista. No entanto, Biden não fez mais do que anteriores presidentes norte-americanos, e manteve a tradição de nomear para um segundo mandato o presidente da Reserva Federal, no que é também uma forma dos presidentes sinalizarem a continuidade das políticas monetárias e a independência do banco central.

Barack Obama reconduziu Ben Bernanke como presidente da Fed em 2009, Bill Clinton fez o mesmo com Alan Greenspan em 1996. Donald Trump fez diferente, escolheu Powell em vez de dar a Janet Yellen um segundo mandato, mas Biden recuperou o ciclo tradicional e reconduziu Powell.

No início deste mês, a Fed começou a fechar o seu programa mensal de compra de activos, de 120 mil milhões de dólares por mês, e mostrou intenção de terminar, até ao Verão, com esta política de estímulo à economia.

Mas os dados mais recentes da inflação, com o crescimento dos preços ao consumidor ao ritmo mais rápidos das últimas três décadas, levaram a que o banco central, e antes de começar a aumentar as taxas de juros, ainda em mínimos históricos, na chamada taxa zero, opte por uma política monetária mais "paciente".

Jerome (Jay) Powell, de 68 anos, foi nomeado presidente da Fed, em 2017, por Donald Trump, sendo que já tinha trabalhado como alto funcionário do Tesouro na administração de George H.W. Bush (pai). Conta por isso com um razoável apoio bipartidário (democratas e republicanos) o que faz com que a sua nomeação passe no Senado sem grandes sobressaltos. Sendo que, e para todos os efeitos, Powell é um republicano.

Não por acaso, Elisabeth Warren, a senadora democrata do Massachusetts, mais de esquerda, já se referiu a Powell como um "homem perigoso", e não há muito tempo, foi mesmo no passado mês de Setembro. Entretanto, Biden terá conversado com Warren na Casa Branca sobre o assunto Powell.

Os apoiantes de Powell também argumentam que num momento de incerteza económica tão acentuado, uma mudança de liderança poderia gerar volatilidade desnecessária ao mercado. Além do mais, a sua resposta enérgica durante a pandemia da covid-19 granjeou-lhe elogios, também pela forma como conseguiu controlar o eventual pânico dos mercados.