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Opinião

Mercado de transferências... em empresas

Análise

O título leva-nos para o mundo apaixonante do desporto, no qual em pelo menos duas fases do ano os clubes se digladiam na aquisição dos melhores profissionais da modalidade, sejam jogadores ou treinadores, envolvendo ou agentes intermediários e/ou fundos de investimento.

É uma verdade, que, pelo menos no futebol, este mercado de transferências envolve, na sua maioria, milhões de dólares, mas também pode envolver apenas poucos milhares. Depende da qualidade do profissional em termos técnicos e comportamentais, e também da imagem que o próprio representa a sociedade, o que também pode valer prestígio para o clube e também algum retorno do investimento.

Ora, nestes processos, todos ganham. Quem compra ganha um novo profissional, quem vende ganha, naturalmente, o valor que o clube negoceia, o agente ganha a sua comissão, e o fundo, se envolvido, vê o seu activo valorizado. Se passarmos para o mundo empresarial, o que acontece é que, quando uma empresa precisa de algum profissional, ou vai directamente ao mercado ou contacta uma agência de recrutamento/ executive search para intermediar a operação.

O negócio é efectuado contra um valor que a empresa contratante tem de pagar à já referida agência. O profissional e a empresa que fica sem colaborador não têm qualquer ganho com a 'transferência'. Se considerarmos que a empresa actual do colaborador investiu no seu desenvolvimento pessoal e profissional, não deverá esta ter algum ganho com esta operação? E se considerarmos que o profissional é o activo de valor na cadeia, também não deveria ter algum ganho com a referida operação? Temos, em muitas situações, em publicações de prestígio, o anúncio de contratações de determinados profissionais por parte de empresas.

Ora, se tal acontece, é porque dá prestígio a essa empresa contratar esse indivíduo, como também é natural o seu ganho com a 'publicidade'. Poderíamos imaginar um cenário semelhante entre empresas e o desporto? E se, numa contratação, a empresa contratante tivesse de pagar o 'passe' profissional de um indivíduo para poder contar com os seus serviços?

O mercado seria igualmente dinâmico? Sendo que uma agência de recrutamento internacional por norma cobra 30% do valor do salário bruto anual de um quadro sénior, e se imaginarmos que o salário acordado é fechado por 15 milhões Kz anuais, a comissão dessa mesma agência é de 4,5 milhões Kz.

Poderia imaginar o seguinte cenário? Empresa X adquire o director comercial à Empresa Y por 1,5 milhões Kz, mais uma comissão de 500 mil Kz para o profissional, e o valor à agência de recrutamento de 2,5 milhões Kz, perfazendo um investimento total de 4,5 milhões Kz. Seria um cenário mais justo? Para quem está habituado a 'ceder' colaboradores, poderia ser, de facto, uma boa oportunidade de ter um retorno do investimento que vai fazendo com pessoas, tal como os clubes que apostam nas academias de futebol e depois 'vendem' os seus activos (profissionais), gerando receitas para continuarem a investir nesses centros de formação. Tal como há clubes que não têm tempo de formar, também há empresas que têm políticas de formação menos desenvolvidas e que, certamente, não se importariam de comprar esses activos a outras empresas para continuarem a ter níveis de elevada performance sem terem de se preocupar com a formação. Seria sem dúvida uma revolução no recrutamento de pessoas em todo o mundo, que teria um forte impacto no seu desenvolvimento pessoal e profissional, e também no mercado empresarial. Será este o modelo do futuro?

José Rodrigues - Regional HR Director Western Africa, DHL Global Forwarding/ Harvard Business School

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