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Opinião

TrumpEconomics

CHANCELA DO CINVESTEC

No que nos diz respeito é especialmente penalizante porque afecta os rendimentos do petróleo, a capacidade de contratar nova dívida e o aumento do seu custo, o preço das importações e a atracção de investimento: atinge-nos em todos os pontos da nossa vulnerabilidade. Nestas circunstâncias, consideramos fundamental prepararmo-nos para tempos difíceis, limitando os gastos pessoais e das empresas e revendo urgentemente o OGE25

A prática económica de Donald Trump lançou o mundo num caos de incerteza!

É importante, pelo menos numa primeira análise, começar a perceber a teoria por detrás do caos.

O valor económico sempre foi um reconhecimento social complexo, composto de doses diferentes de escassez, esforço e conhecimento. Na evolução da humanidade, estas três componentes estiveram sempre presentes, mas dominaram sucessivamente pela ordem apresentada. Dependendo as economias dos recursos naturais, a escassez começou por dominar, na economia agrária; depois, na era industrial, a escassez foi suplantada pelo esforço presente (trabalho) ou cristalizado em capital produtivo; hoje estamos a viver a etapa de transição entre o primado do esforço e o primado do conhecimento!

Contudo, continua dominante a ideia de que a produção é uma função do trabalho e capital (embora matizada pela tecnologia - função de produção da teoria clássica, adoptada pelas escolas keynesiana e austríaca) ou que só o trabalho produz valor (embora matizada pela ideia de trabalho complexo - teorias marxistas).

A ideia, fortemente enraizada, de que a criação de valor resulta do esforço e, portanto, reside, por excelência, na produção fabril, é a base da teoria económica de Trump ou TrumpEconomics e pode ser sintetizada na seguinte frase:

Trump preocupa-se mais com os Iphones que a China produz do que com os Huaweis que ela concebe!

É esta a essência do pensamento de Trump e, com as necessárias adaptações, de Xi e dos seus respectivos partidos.

A China tem consciência de que não está melhor por criar pilhas enormes de cidades fantasma ou de bens que vende quase a preço de custo. Apercebe-se de que, sem melhorar os rendimentos da sua população e, como consequência, o consumo interno, não poderá resolver o seu problema de sobre-produção, mas sabe que isso tornará menos competitivas as suas exportações. Apercebe-se do problema e começa a deslocalizar a sua produção fabril para os vizinhos asiáticos, mas não o percebe completamente devido à essência da teoria económica dominante sobre o valor.

Trump inveja a China e quer trazer a produção de volta aos EUA, tornando-se o exportador do mundo, sem perceber que os EUA já não são competitivos na produção devido ao preço da sua mão-de-obra e do seu custo industrial, em geral.

Para retomar a competitividade internacional Trump:

● Quer dificultar as importações a todo o custo, impondo tarifas;

● Quer desvalorizar o USD, o que significa prescindir do seu papel como reserva internacional de valor;

● Quer uma mão-de-obra barata, e a desvalorização da sua moeda é o caminho mais rápido para o conseguir;

● Quer reduzir ou eliminar os "parasitas", nomeadamente todos os serviços públicos sem excepção, mas também alguns serviços privados, sobretudo os subsidiados ou que não contribuem para um aumento directo da indústria.

● Quer matérias-primas baratas, por isso desregulariza as extractivas e avança com propostas abertamente imperialistas de conquista territorial.

A sua única ideia é aumentar a produção extractiva, primária e fabril, onde reside, na sua concepção económica, a essência do valor!

Só que o resultado não será o pretendido:

● Ao impor tarifas pensa (ou tenta fazer os outros pensarem) que está a taxar os estrangeiros; na verdade está a taxar os importadores nacionais, que irão aumentar os preços, está a taxar os consumidores dos EUA.

● Ao prescindir de uma moeda de referência internacional, está a deixar de atrair para os EUA o valor criado pelas economias de todo o mundo; mas para ele isso não conta porque não a entende como uma transferência de valor.

● Ao reduzir o valor do USD, vai empobrecer a sua mão-de- -obra, tornando-a mais barata, e reduzir o preço das suas exportações nas outras moedas nacionais, mas nunca vai alcançar o nível dos países pobres, com uma mão-de- -obra muito barata; sobretudo se, simultaneamente, reduzir a imigração. Não só não conseguirá competir adequadamente ao nível externo, como baixará o consumo interno, tornando mais difícil às empresas americanas vender no mercado interno.

● A China está nessa fase, e as últimas resoluções do PCC vão exactamente no sentido de aumentar a capacidade de compra dos seus cidadãos, permitindo escoar internamente parte dos excedentes de produção; mas isso irá tornar os produtos chineses mais caros e reduzir a competitividade das suas fábricas. Trump quer regressar ao passado industrial!

Leia o artigo integral na edição 823 do Expansão, de sexta-feira, dia 25 de Abril de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)

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