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Opinião

Comunicação social

Editorial

Não se faz um País sério e plural sem privados na comunicação social, não há democracia que resista a um Estado que concentra os jornais, televisões e rádios na sua esfera, sem dar espaço ao contraditório, à diferença de opinião.

Esta semana o Expansão traz-lhe as contas da comunicação social pública, que custou aos contribuintes nos últimos 5 anos mais de 386 milhões USD, o que não deixa de ser muito preocupante. Por exemplo, a TPA só conseguiu gerar receitas para pagar 1,2% dos seus custos, o que por muitos argumentos que se queira utilizar, reflecte um modelo de negócio completamente desequilibrado e uma gestão, no mínimo, um pouco descuidada.

Pode argumentar-se que órgãos de comunicação social públicos não existem para ganhar dinheiro porque têm outras responsabilidades, nomeadamente fazer serviço público e garantir o princípio da universalidade do acesso à informação, mas isso deve ter limites. Vá lá, até 10 milhões de dólares/ano, atendendo às características do País. Até porque muitos angolanos concordam que estes meios não estão a fazer um trabalho que mereça a sua aprovação, apesar de ser também o seu dinheiro que paga estas empresas. Tenho quase a certeza que se se perguntasse aos angolanos que pagam impostos se o Estado devia encaminhar esta quantidade de recursos para estes meios, uma larga maioria diria que não.

Apesar de dar um enorme jeito a quem governa, tem de haver a coragem de fazer uma reforma profunda neste sector porque parece um caminho sem fim, que alimenta o despesismo, a ineficiência, o clientelismo, a alienação e a irresponsabilidade. Mas mais do que isso, limita a existência da concorrência, porque contra estes valores, este pote de dinheiro, não existem privados que possam concorrer. Até porque estes meios beneficiam de outras benesses das instituições oficiais para lhes resolver problemas fiscais ou de tesouraria.

Aliás, o tema da concorrência com a comunicação social privada, que devia ser protegida pelas autoridades que fiscalizam estas matérias, devia ser discutida em praça pública. Não se faz um País sério e plural sem privados na comunicação social, não há democracia que resista a um Estado que concentra os jornais, televisões e rádios na sua esfera, sem dar espaço ao contraditório, à diferença de opinião. Com os "produtores" a mandar nas régis e os "censores" nas redacções caímos neste ridículo de estarmos a passar a imagem de um país cor-de-rosa onde está tudo bem, contribuindo para desresponsabilização de quem devia tomar decisões mais acertadas.

Esta tristeza de ver o que está a acontecer na comunicação social pública contrasta com a alegria que tive em mais um prémio que o Expansão recebeu, neste caso a Marca Superbrands. Para além da escolha pela organização, a salva de palma sentida e forte que recebemos por parte dos empresários que estavam na plateia, o reconhecimento pelo trabalho que fazemos, as mensagens que nos deixam, deixam-me com a certeza que vale a pena ser um dos poucos pilares da imprensa escrita privada. Obrigado e prometo que vamos continuar a ser o que sempre fomos!

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