Um mercado financeiro é impulsionado por diversas referências que influenciam a sua dinâmica e desempenham um papel que, de forma directa ou indirecta, ganham reconhecimento nas decisões e estratégias adotadas pelos participantes do mercado.

O mercado angolano não é diferente. E, ao explorarmos, torna-se evidente a importância dessas referências como guias orientadoras para um processo de decisão informado, principalmente num mercado em franco crescimento. E, por isso, é crucial examinar com recorrência referências-chave do mercado, como a Curva de Rendimentos, ou Yield Curve.

De maneira curiosa, a curva de rendimentos é a representação gráfica das taxas de rentabilidade médias de títulos do mercado, em relação à sua respectiva maturidade.

A curva varia normalmente entre 3 principais formas:

¦ Curva Normal ou Crescente: A rentabilidade dos títulos de curta maturidade são menores e maiores, nos de longa maturidade. Normalmente uma curva crescente representa um mercado com esperanças de condições de crescimento saudável e representativo de uma tendência de crescimento notório das taxas de mercado no futuro.

¦ Curva invertida: Representa um momento atípico e uma condição de mercado em que se espera uma recessão ou desaceleração económica, onde os títulos de longa maturidade apresentam rentabilidades menores do que os de curta maturidade, visto que os investidores exigem um prémio de risco maior para investir em títulos de longo prazo, devido às incertezas.

¦ Curva plana: Representada por uma baixa volatilidade em ambos extremos, mantendo-se plana. Sinaliza incerteza ou estabilidade da curva, sem crescimento significativo.

A Curva de Rendimentos é uma ferramenta crucial para interpretação das condições económicas e expectativas de mercado. A forma da curva - crescente, invertida ou plana - fornece insights valiosos sobre o sentimento dos investidores e a saúde económica futura.

Compreender a sua forma permite aos investidores e analistas ajustarem as estratégias de investimento e tomarem decisões mais informadas, promovendo um mercado financeiro maduro. Pelo qual vejamos alguns exemplos:

¦ Visibilidade: Oferece uma visão clara da tendência e sentimento do mercado.

¦ Suporte às Estratégias de Investimento

¦ Suporte no Processo de Avaliação de Ativos

Ademais, a curva pode auxiliar em decisões de investimentos. Veja como:

Se uma empresa decidir avaliar a viabilidade de um projecto de expansão com horizonte para 10 anos, certamente deverá estimar o custo de oportunidade da operacionalização do projecto. Para tal, o consultor pode utilizar a curva como referência para determinação da taxa de retorno exigida do projecto. Ou seja, se a curva apresentar a taxa de 23,00% para a mesma maturidade, então o consultor pode utilizar a mesma taxa como referência.

No mercado angolano, a Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) publica diariamente a sua curva de rendimentos, que tem como base:

¦ Títulos do tesouro

¦ Base constituída por taxas de rentabilidade médias ponderadas

¦ Dados de operações realizadas em mercado secundário

Uma curva pode ser desenvolvida para instrumentos de diferentes naturezas, no entanto, a curva de rendimentos BODIVA representa rentabilidade média dos activos sem risco do mercado, especificamente Obrigações e Bilhetes do Tesouro. Estes servem de referência, auxiliando participantes do mercado, bem como a distinção do prémio de risco entre as opções de investimento e o seu respectivo custo de oportunidade. A construção, promoção e manutenção de uma curva de rendimentos não é um processo simples, apresentando as seguintes restrições:

Leia o artigo integral na edição 794 do Expansão, de sexta-feira, dia 20 de Setembro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)