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Opinião

Donald Trump

Editorial

Também me parece que as grandes opções institucionais e económicas dos Estados Unidos não se alteram radicalmente por causa deste ou daquele presidente. As palavras e as abordagens mudam claro, de acordo com o estilo de cada um, mas as acções não são muito diferentes, sejam os democratas ou republicanos que estejam no poder.

Objectivamente, a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos não são boas notícias para o resto do mundo, tendo em atenção que a sua visão é muito para o interior do país e muito menos para uma inclusão internacional.

Ou seja, mecanismos de solidariedade ou presença em instituições internacionais serão naturalmente afectadas, mas na verdade parece-me que é apenas isso. A presença americana no mundo tem vindo a perder a importância na exacta medida em que outros canais, leia-se outros países, vão equilibrando as relações económicas entre si, criando alternativas para a circulação de pessoas, mercadorias e dinheiro.

Também me parece que as grandes opções institucionais e económicas dos Estados Unidos não se alteram radicalmente por causa deste ou daquele presidente. As palavras e as abordagens mudam claro, de acordo com o estilo de cada um, mas as acções não são muito diferentes, sejam os democratas ou republicanos que estejam no poder.

Todos nos lembramos do que Donald Trump tem dito de alguns países africanos, nos nomes que usa quando se refere ao nosso continente, mas, tal como aconteceu no primeiro mandato, vai ter de manter as políticas de cooperação com África. Até porque é aqui que está grande parte dos recursos naturais necessários para a grande revolução tecnológica e energética que tanto defende.

Depois, a sua guerra, tal como acontecia com Biden, é contra o crescente poder económico, comercial e militar da China, pelo que não me parece que Angola vá ter uma relação mais conturbada com este presidente. Até porque na região, Angola pode ser uma alternativa à influência chinesa, apesar (e também por isso) de ser o maior devedor africano ao país asiático. E, por enquanto, tem o único corredor para pessoas e bens entre o Atlântico e o Índico, onde os EUA podem ter alguma influência.

Claro que não virá a Angola, nem a outros países que podiam aspirar a ter um presidente americano no seu território. Mas isso é porque Donald Trump, com excepção da Rússia e da China, não considera os outros países. Já foi assim no seu primeiro mandato. Mas isso não quer dizer que as instituições americanas não se empenhem em reforçar as ligações com estes países, até porque são elas que incorporam a estratégia da diplomacia económica do país.

Do ponto vista de nós, jornalistas, certamente que será mais animado por tudo o que faz e diz, com aquela necessidade de ser constantemente notícia. Do ponto de vista pessoal, confesso sentir algum desconforto quando aquela que se assume como a maior nação do planeta tenha como presidente alguém que trata as mulheres como seres inferiores, que assuma permanentemente um discurso xenófobo perante os não-americanos, que tenha processos em tribunal por fraude e assédio sexual, mas isso é a "beleza" da democracia. Quem tem mais votos no Colégio Eleitoral governa.

Mas desiludam-se aqueles que pensam que muita coisa vai mudar na política externa dos Estados Unidos, ou que as guerras da Ucrânia e da Palestina vão acabar em dois meses. Não vai acontecer!

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