"O artista tem uma alma sensível, podemos e fazemos obras para todos os bolsos"
Na sua primeira exposição individual, o artista apresenta ao público a sua origem. Sobre curadoria da Danilo Fortunato Art Gallery, as 20 obras expostas no Camões sugerem uma reflexão do povo Tchokwe. O artista defende que as administrações municipais devem incentivar a divulgação da arte local.
Inaugurou ontem, dia 10, a sua primeira exposição individual. Que reflexões traz com o tema "A minha origem"?
Nesta exposição trago a história da minha origem, uma vez que eu sou da Lunda Norte, o meu pai é Mukuakuisa. Ouvi e conheço muitas histórias das Lundas que são interessantes, por isso fui buscar a história dos Tchokwe a partir dos séculos XII e XIII, dos soberanos, os Tchibinda, os nkisi, as máscaras, que fazem parte da minha pesquisa. Na verdade, são obras que trazem uma reflexão sobre as histórias do povo Tchokwe.
Qual é o balanço que faz?
Faço um balanço positivo, porque tenho muitos discípulos, apreciadores das minhas obras, tenho seguidores no Instagram, no Facebook, que sempre me pediram uma exposição individual. E sempre preferi prepará- -la com tempo suficiente. Defendo que o artista não pode ter muita pressa, sou daqueles artistas que não tem muita pressa.
Quanto tempo fez de pesquisa?
Essa é a minha primeira exposição individual durante a minha carreira como artista. Desenvolvo essa pesquisa há seis anos. Estive no Luena (Moxico), fui também conhecer a terra dos meus pais. Senti a necessidade de contar a história daquilo que é a minha origem.
Quantas obras estão expostas?
Aqui Centro Cultural Camões tenho 20 obras de pintura expostas e duas instalações. Tenho obras assinadas de 2023 e de 2024. As obras ficam patentes até ao dia 30 deste mês.
Que técnicas usou?
Técnica mista, papel. Sendo um artista variado, trabalho com todo o tipo de material.
Há quantos anos é que pinta?
Eu já pinto desde 2007. Tenho a formação média em artes. Sou licenciado em Artes Visuais e Plásticas pelo Instituto Superior de Artes (ISARTES), hoje Faculdade de Artes da Universidade de Luanda. Durante a minha formação trabalhei no atelier do mestre Van, assim como no atelier do mestre Mayembe, com quem aprendi muito sobre escultura. Fui também discípulo do mestre Kapela.
Como caracteriza a arte feita por angolanos?
A arte feita por angolanos tem conhecimento. Há uns artistas muito bons no que fazem, são pesquisadores, contam a nossa história nas suas obras e temos também aqueles artistas que narram a situação económica, social e política do País. No geral, temos bons artistas.
O mercado favorece os artistas?
O mercado está a crescer, em princípio está bom, se bem que não há muita gente interessada em comprar obras de arte. Mas de um lado entende-se essa realidade, devido à situação socioeconómica do País e porque as pessoas não têm o hábito de comprar arte. Ainda são mais os estrangeiros que vêm à procura das nossas obras, mas como diz o ditado, devagarinho, devagarinho vamos nos moldando.
Diz-se que a arte plástica é elitista, concorda?
Não, não concordo. Acho que arte é arte e está disponível para todos, para os que têm poder financeiro e também para os que não têm tanta disponibilidade financeira. É só uma questão de conversar com o artista, o artista tem uma alma sensível. Nós artistas podemos e fazemos obras para todos os bolsos.
Quais são os preços das suas obras?
As minhas obras variam entre 600 mil Kz e 1,2 milhões Kz. Mas como disse podemos fazer a menos preço, ou seja, depende sempre de uma conversa com o artista e do interesse do comprador. Podemos fazer quadros com menor dimensão, por exemplo.
Leia o artigo integral na edição 834 do Expansão, de Sexta-feira, dia 11 de Julho de 2025, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)