"O bem-estar social também colabora para termos uma cultura fortalecida"
É formado em ciência política, mas é na música onde investe parte do seu tempo. Ao Expansão, o produtor de eventos gospel enfatiza que o mercado precisa de mais operadores económicos que apostem seriamente na cultura.
Dentro de dias vão realizar o 2.º Festival Ecos do Metodismo. Quais são as expectativas?
Sim, estamos a escassos dias, horas e minutos da segunda edição. A primeira edição aconteceu no ano passado, no dia 2 de Julho, no pavilhão da Cidadela Desportiva. A segunda edição do festival de canto coral "Ecos do metodismo" acontece neste final de semana, nos dias 20 e 21 de Julho, às 15 horas, no Centro de Conferências de Belas (CCB). As expectativas são altas porque é um magno evento que vai congregar pessoas de Luanda e de outras regiões do País. Estamos a falar de um dos maiores festivais gospel, sobretudo de canto coral, realizados em Angola.
Quem é o vosso público?
É um evento direccionado para todos os que gostam de boa música, não importa a denominação religiosa. O festival vai congregar cristãos e não cristãos. O projecto "Ecos do Metodismo" tem um cariz ecuménico. Podemos encontramos no projecto coristas das diversas denominações religiosas do País.
Quantas pessoas tiveram na primeira edição?
A Cidadela tem a capacidade para albergar seis mil pessoas. Mas infelizmente tivemos uma sobrelotação. E muitos ainda tiveram que regressar para casa, porque já não tínhamos espaço. Então estamos a falar num número aproximado de sete mil espectadores na primeira edição.
Essa participação massiva é que levou a realizarem agora dois dias de evento?
Na verdade, o nosso desafio era maior, no que diz respeito ao espaço. Queríamos fazer a segunda edição na Arena do Kilamba, porque tem capacidade para 12 mil pessoas. Por razão do Afrobasket, que será no próximo ano, o Ministério da Juventude e Desportos restringiu o acesso a muitos espaços desportivos. Logo tivemos que recorrer ao CCB. Como um dia não seria suficiente, em função do que foi a primeira edição, decidimos fazer em dois dias.
Essa procura simboliza o interesse das pessoas pela música gospel?
Primeiro a procura deve-se à credibilidade que granjeamos durante este percurso. Trabalhamos com a produção de eventos faz tempo. E a Monumental Gospel é uma produtora que granjeou a confiança até da Fundação Gianni Gaspar Martins (GGMF), que é a responsável por este projecto. Depois pela forma como organizamos. Há de facto muitos eventos, se quisermos analisar pela quantidade, mas qualitativamente no segmento gospel ainda existem poucos eventos que obedecem aos princípios da gestão de organização de eventos. Outra razão tem a ver com a seleção dos músicos, sendo que o "Ecos do Metodismo" é um coral muito forte e prepara- -se todos os dias para o efeito.
Trabalham apenas com músicos de Luanda?
Além dos músicos locais, dos melhores que nós temos na nossa praça, fomos ousados em trazer dois músicos, trata-se do menino Geraldo Sacó, do Bié, e o papá Molongavi, que é de Benguela. A procura deve-se a todos esses elementos, a qualidade da organização, o rigor, a credibilidade, a aceitação, a selecção dos artistas e, como não podia deixar de ser, porque também a música gospel está a crescer, hoje já se olha com outros olhos, com uma outra apreciação, comparando com os anos anteriores, em que a música gospel era só para cristãos, nas igrejas, das paróquias, das congregações, dos templos, e até há pessoas que conotavam como sendo músicas para cerimónias fúnebres, por exemplo. Cada vez mais vamos abrindo esse espaço na música nacional.
O festival será anual?
Teremos a terceira edição e a nossa luta é não parar só por Luanda. Claro que isso envolve uma logística gigantesca, uma estrutura grande, mas é o nosso desafio porque fizemos o primeiro. Vão acontecendo outras edições e queremos juntar-nos com fortes operadores económicos. O nosso sonho hoje, como produtores musicais, produtores de eventos, é trazer a excelência, porque é para o nosso Deus. Se olharmos para os nossos cartazes, nós não temos patrocinadores como tal, porque a fundação que é responsável pelo evento é que vai custear tudo e isso vai pesando. Logo a ideia é que a fundação possa encontrar neste percurso parceiros que ajudem a alavancar esta marca, porque Angola não é só Luanda.
Perspectivam trazer músicos internacionais?
Sim, acarretamos esse desejo desde a primeira edição, de termos entre nós um músico internacional. Uma das questões que nos fez recuar tem a ver com questões financeiras para cobrir as exigências. Vamos lutar para que na terceira ou na quinta edição consigamos trazer um músico internacional, mas uma das coisas que me chamou à atenção foi que as pessoas tinham na mente que só se enche um estádio com cantores internacionais. Nós mostramos que é possível fazer de outra forma. Precisamos apenas de valorizar os artistas.
Leia o artigo integral na edição 785 do Expansão, de sexta-feira, dia 19 de Julho de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)