Angolanos estão mais pobres e vivem menos tempo do que há quatro anos
Em Setembro destacámos o relatório das Nações Unidas sobre o Indíce de Desenvolvimento Humano, que mostrava que os angolanos estavam mais pobres e com menos esperança de vida, caindo em ambos os itens pelo terceiro ano consecutivo. O PIB per capita caiu para valores de há 12 anos atrás, com um valor 5.446 USD. Em 2015 era de 7.653 USD.
Angola voltou a cair pela terceira vez consecutiva no Índice de Desenvolvimento Humano. O medidor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) de 2021/2022 apesar de ter mantido o País na posição 148 entre os 191 países avaliados pelo índice, revela que os angolanos estão mais pobres e perderam oito meses em esperança média de vida desde 2019, altura que o índice começou a cair.
O relatório do IDH, sinaliza que desde 2019 a esperança de vida de cada angolano tem vindo a cair. Nesse ano a média de era de 62,4 anos, em 2020 caiu para 62,3 e 2021/2022 cada angolano passou a ter uma esperança de vida inferior em sete meses, para 61,6 anos. Os três últimos anos contrariam a tendência sempre a subir que tinha sido mantida no índice desde 2002, altura em que se colocou fim a guerra civil.
O IDH angolano está a ser penalizado pela crise económica e financeira que afectou o País nos últimos anos, agravando a pobreza e as dificuldades das famílias, mas também pela falta de respostas ao nível da saúde e da educação, cujo peso no Orçamento Geral do Estado continua distante dos parâmetros internacionais. O País continua a produzir menos riqueza e diferente dos tempos em que o rendimento nacional bruto per capita era elevado, se comparado com outros países em desenvolvimento.
Em 2010, o rendimento per capita duplicou face ao final da guerra civil para 6.912 USD, e chegou aos 7.653 USD em 2015. De lá para cá, o rendimento per capita tem vindo a cair ano após ano, atingindo os 5.466 USD em 2021/2022 de acordo com o IDH, abaixo do valor que existia há 12 anos atrás.
A principal causa na queda do PIB per capita incide no facto de a população estar a crescer a uma média de 3% ao ano, ao passo que País enfrentou cinco recessões económicas consecutivas iniciadas em 2016 e apenas ultrapassadas em 2021. Este desequilíbrio entre o crescimento económico e demográfico gerou incapacidade de criar novos empregos, o que faz que Angola tenha estado a criar cada vez mais população pobre nos últimos anos.
Em Setembro, altura em avançamos esta notícia, o investigador Fernandes Wanda explicou ao Joaquim José Reis, jornalista do Expansão que o novo Governo, saído da de 24 de Agosto, está obrigado "a melhorar a qualidade da despesa pública, que pode ajudar a dinamizar o sector privado (particularmente aquele ligado ao produtivo), aumentando a oferta de empregos no sector formal da economia.
Sabendo que as empresas e cidadãos pagam impostos, o Executivo, via tributação, poderá ter mais recursos para investir no sector social, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida das populações". E acrescentou que é necessário um crescimento económico robusto, sustentando pela via da produção, de forma a garantir a melhoria de vida da população que tem estado a perder poder de compra, ano após ano, devido ao "imposto escondido" que é a inflação, o que faz com que quase 60% dos gastos das famílias angolanas seja hoje em alimentação.
"A esperança de vida está associada à qualidade de vida das pessoas, que depende dos rendimentos. Com o aumento do desemprego, particularmente entre a juventude, e sendo este o grupo maioritário em Angola, ajuda a compreendermos que neste contexto a esperança dos angolanos viverem mais, sem recursos, é diminuta", concluiu.
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