O Angosat-2 está na fase final de testes, o penúltimo antes de ser dado como pronto, nas instalações da ISS Reshetnev, na cidade "fechada de Zheleznogorsk, próximo de Krasnoyarsk, na região centro/sul da Sibéria, na Rússia. Nesta altura, está a ser testado o funcionamento durante o lançamento, nomeadamente o comportamento do satélite face às oscilações de temperatura, que podem ir de menos 100 graus a mais 100 graus celsius.

Também o veículo de lançamento do satélite já chegou a Baikonur, no Cazaquistão, onde este será lançado para o espaço, pelo que, embora as autoridades oficiais não confirmem uma data precisa, o lançamento do Angosat-2 deve acontecer no final de Julho ou início de Agosto. Todos os técnicos ouvidos pelo Expansão neste trabalho estão de acordo que o satélite poderá, e deverá, ser lançado antes das eleições legislativas no País.

A única certeza é que o lançamento deste Angosat-2 será muito mais discreto do que aconteceu com a primeira versão, a 26 de Dezembro de 2017, quando foi mobilizada uma enorme comitiva de empresários, políticos e líderes religiosos que, em Baikonur, fizeram uma verdadeira "festa". Estamos recordados que teve inclusive transmissão em directo na TPA 1. Agora, as instruções que vêm de cima, é que se faça tudo com descrição e que depois de estar em órbita, a emitir para o centro da Funda, então se façam os discursos e as homenagens oficiais.

A acontecer nesta altura o lançamento será também num momento particular, estaremos a poucas semanas das eleições gerais e, se correr tudo dentro da normalidade, pode funcionar como um trunfo importante para a avaliação do desempenho do governo. Mas, se corre mal, pode ter um impacto significativo no acto eleitoral. E é este o dilema que também se está a discutir ao nível da governação, com duas perspectivas antagónicas - por um lado os que defendem que não há como voltar a correr mal e por isso o Angosat-2 deve ser colocado em órbita logo que existam condições técnicas para isso, e outra que acredita que não vale a pena arriscar e é preferível fazer o lançamento em Setembro, até porque não existe nenhum compromisso oficial face à data.

Mas existe também um fenómeno que ninguém domina, e que tem a ver com a evolução da situação na Rússia face ao desenvolvimento da guerra na Ucrânia. Por agora, não está a afectar o projecto, também nas condições actuais o transporte para Baikonur não está comprometido, também não existem sanções, leia-se limitações, ao programa espacial russo. Mas, daqui a três meses, a situação pode ser muito diferente, podendo comprometer este cronograma para o satélite angolano, embora exista optimismo entre as autoridades do País de que o conflito não irá afectar o programa de lançamento do Angosat-2.

(Leia o artigo integral na edição 671 do Expansão, de sexta-feira, dia 22 de Abril de 2022, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)