Equilíbrio digital: Cuidar de ti neste mundo conectado
O uso excessivo da tecnologia sem barreiras pode ser um caminho perigoso, a comparação excessiva outro problema ainda maior. No contexto profissional, por exemplo, podes até achar que precisas estar sempre disponível, conectado/a e produtivo/a (...) a longo prazo, resulta em cansaço extremo, stress e até burnout.
Quando escrevi o meu primeiro artigo para o jornal Expansão, em janeiro de 2017, há quase oito anos, abordei o tema "Detox Tecnológico". Na altura, já se discutia a influência crescente da tecnologia nas nossas vidas e a forma como nos impactava. Oito anos depois, esta discussão continua mais actual do que nunca, pois somos cada vez mais consumidos por estas ferramentas que, por mais fascinantes que sejam, também nos dominam...
Falo na primeira pessoa porque sinto que também preciso, cada vez mais, de me desconectar para reencontrar o equilíbrio, a harmonia necessária. No entanto, continuo a valorizar os benefícios da tecnologia. Quero continuar a partilhar a minha voz, a aprender, a conectar-me com os outros, e que tanto aprecio, seja presencialmente ou online. A tecnologia permite-me fazer isso e muito mais, mas a questão que surge é: como equilibramos o uso destas ferramentas com a necessidade de cuidar de nós próprios?
Olho para os meus filhos e vejo quão ligados estão à tecnologia. Eles nasceram num mundo digital e, como mãe, sinto a responsabilidade de os orientar. Limitamos o tempo de uso do telemóvel, reduzimos os jogos, mas pergunto-me: será suficiente? Esta nova geração parece estar "totalmente ligada / conectada" desde o momento em que nasce e nós, como pais e membros da sociedade, somos igualmente arrastados para este universo tecnológico.
Este tema é relevante para mim e espero que para ti, leitor, porque todos nós enfrentamos este dilema. Vivemos numa era onde é crucial saber compreender os limites e criá-los. E quando falo no meu método Inspira e no primeiro eixo, o Cuidar, refiro-me exactamente a isto: o que é que estás a fazer por ti, hoje, para te cuidar? Como estás a gerir o teu tempo de exposição às redes e à tecnologia? Quais os limites que estabeleceste para proteger o teu bem-estar?
A verdade é que, quando falamos de limites, falamos também de auto-respeito. O uso excessivo da tecnologia sem barreiras pode ser um caminho perigoso, a comparação excessiva outro problema ainda maior. No contexto profissional, por exemplo, podes até achar que precisas estar sempre disponível, conectado/a e produtivo/a. No entanto, viver apenas para trabalhar é, no máximo, temporariamente gratificante, porque a longo prazo, resulta em cansaço extremo, stress e até burnout. Sobre este tema e de acordo com a informação recolhida no site https://icd.who.int/ , a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o burnout como uma síndrome relacionada ao trabalho, classificada como um fenómeno ocupacional. E foi incluído na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2022. A OMS define o burnout como "uma síndrome resultante de um stress crónico no local de trabalho que não foi adequadamente administrado", caracterizada por três dimensões principais:
01. Sentimentos de exaustão;
02. Distanciamento mental do trabalho ou sentimentos de negativismo e cinismo relacionados ao trabalho;
03. Redução da eficácia profissional.
Apesar de ser reconhecido como um fenómeno ocupacional, a OMS não classifica o burnout como uma "doença" propriamente dita, mas sim como um problema associado ao emprego e ao desemprego. Isso significa que, embora o burnout seja considerado um fenómeno importante relacionado ao trabalho, ele não é classificado diretamente como uma doença na CID-11, mas sim como uma condição que pode impactar a saúde e o bem- -estar dos trabalhadores.
Mas, mesmo com todos estes sinais, por que resistimos tanto a impor limites a nós mesmos?
Leia o artigo integral na edição 799 do Expansão, de sexta-feira, dia 25 de Outubro de 2024, em papel ou versão digital com pagamento em kwanzas. Saiba mais aqui)