"É prematuro falar da venda da TAAG"
Ana Major, PCA da TAAG, garante que a companhia não foi vendida, tal como circula nas redes sociais, explica a opção pela utilização dos Airbus no transporte de passageiros, justifica os contratos de wet lease feitos recentemente e sublinha que muitas decisões que estão ser tomadas não são fáceis, mas são imprescindíveis para garantir o futuro da companhia.
A TAAG foi vendida a um grupo espanhol?
Não! A TAAG é uma entidade SA (Sociedade Anónima) cuja estrutura accionista é composta pelo IGAPE 50%, ENNA 40% e Fundo Social dos Funcionários e Trabalhadores do Sector dos Transportes com 10%.
Mas vai ser privatizada?
Apesar de ser do domínio público a intenção do executivo de Angola, a privatização da TAAG dentro de um lote de outras companhias a serem privatizadas, a concretização deste processo dependerá de várias condicionantes do contexto de mercado (volatilidade global no pós-pandemia) e do que nos cabe a todos fazer no sentido da valorização da companhia e dos seus activos. O processo de transformação e reestruturação da TAAG em curso visa valorizar a empresa no médio e longo prazo, sendo prematuro falar da venda da TAAG.
Porque se alugou aviões da companhia Hi Fly em formato wet lease?
A TAAG celebrou um acordo ACMI (Aircraft, Crew, Maintenance and Insurance) com a companhia aérea HiFly para leasing de Airbus A330 por períodos de curto-prazo (passível de renovação) de forma a assegurar a continuidade da operação e o plano de crescimento previsto (mais frequências e maior disponibilidade de aeronaves), na mesma medida em que trabalhos de manutenção que deveriam ter sido devida e antecipadamente planeados estão a decorrer agora com parte da frota Boeing. Este tipo de acordo foi o formato mais mais ágil, célere, e "chave-na-mão" para responder de imediato à necessidade emergente de termos aeronaves disponíveis num período de pico no mercado.
Porquê que ao invés de se alugar os aviões da HIFLY que são modelos de aviões que nunca fizeram parte da frota TAAG não se alugou aviões Boeing 777-3ER que não requer formação da tripulação?
O aluguer de Boeing 773 foi também considerado. O processo de aluguer iria ser mais moroso em termos de tempo, pois os aviões seriam entregues em dry lease (sem tripulação incluída) contando para o efeito com as nossas tripulações. Porém isso faria com que perdêssemos oportunidades durante o pico do verão. Assim, e como as necessidades eram imediatas, avançámos pelo formato de wet lease até porque, se trata de aluguer de curta duração e com preço competitivo.
Qual o racional da escolha de Airbus em detrimento de Boeing para certas operações?
As nossas decisões sobre a frota não tomam em consideração apenas um único factor como seja o da tripulação. As condições financeiras, a operacionalidade e eficiência da aeronave são alguns elementos que levamos em conta. Temos elevado a nossa credibilidade no mercado e isso permite-nos negociar com aqueles que não exigem de nós garantias financeiras do estado, pois não temos disponibilidade de garantias financeiras que oneram ainda mais o estado angolano. Isso certamente tem influenciado as decisões. Por outro lado, importa realçar que o modelo Airbus apresenta índices de economia de combustível muito interessantes reduzindo em boa medida o custo da operação, são igualmente modernos, com espaço de carga apreciável e têm entertainment funcional.
Toda a frota Boeing da TAAG será substituída por Airbus?
Não. A TAAG vai apostar e de forma pioneira numa estratégia «multimarca» ao incorporar a Airbus na sua operação, juntamente com a Boeing e Dash. Temos uma frota muito envelhecida Boeing (e até os nossos passageiros sentem isso), razão pela qual é necessário preparar um phase out.
A TAAG está a alugar aviões Airbus e a colocar apenas tripulação estrangeira?
Não. A TAAG celebrou um acordo comercial com a ALC (Air Lease Corporation) para a disponibilização de 6 aeronaves Airbus A220-300 com entregas faseadas a partir de Agosto de 2023. A operação dessas aeronaves Airbus A220-300 contará exclusivamente com pilotos e pessoal de cabine angolano, bem como, a gestão da manutenção será feita por equipas locais.
Porquê é que se está a apostar no segmento de carga e qual a lógica de utilizar o Boeing 777-3R ao invés do Boeing 777-200?
O segmento de carga tem evidenciado uma demanda significativa e é um nicho de mercado que nos está a trazer receita, o que justifica plenamente a nossa aposta e atenção bem como a transição/utilização de algumas aeronaves de passageiros para o segmento de carga. Os B777-200 ainda não estão totalmente operacionais devido à manutenção e por isso temos utilizado o 773, para responder a demanda de clientes.
Porquê transitar os voos comerciais de passageiros operados por aviões TAAG para a HIFLY operados por Airbus para rotas como Lisboa?
O racional é que precisamos alocar mais aeronaves para responder ao elevado fluxo de passageiros em trânsito para os destinos na Europa, sendo o Airbus A330 uma aeronave mais económica para essa ligação. Sendo, esta uma rota muito competitiva com concorrência de outros operadores é importante conseguirmos garantir as ligações e ao mesmo tempo obter eficiência operacional (redução de custos e índices de consumo de combustível). Paralelamente e de forma estratégica a frota Boeing vai reforçar as ligações para Havana/Cuba e São Paulo/Brasil onde não há competição. É, portanto, uma decisão que aporta ganhos para a TAAG.
A actual Administração da TAAG vai converter todas aeronaves 777 em cargueiros?
Não! A TAAG não vai a abandonar actividade de transporte de passageiros, pelo contrário, a ideia é continuar a alimentar mais rotas e frequências bem como aumentar a conectividade com o resto do mundo. Para isso contamos com o nosso pessoal de cabine e tripulação. Estão a decorrer negociações neste momento e oportunamente iremos comunicar sobre as novidades.
É vosso objectivo transformar a companhia de bandeira nacional numa TAAG unicamente de carga, e oferecer as nossas rotas de passageiros a outra companhia?
Nunca. A carga tem tido um papel importante no contexto pós-Covid e a TAAG não é a única companhia a apostar mais na carga. Mas isso em circunstância alguma retira o valor e o carinho que temos pelos nossos passageiros.
Esta Administração da TAAG vai recuar do plano que está a implantar?
Essa opção não nos foi dada. Nós temos um rumo para a TAAG, e apenas uma direcção a seguir, para frente! Os desafios são enormes, mas a equipa está preparada e capacitada. Contamos com todos nesta jornada. Temos que ter consciência que muitas das decisões a tomar não serão fáceis mas, serão indispensáveis para a Companhia sobreviver, bem como para o legado que todos queremos deixar para a geração do amanhã.