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Economia

Estado perdeu controlo de 30 infraestruturas culturais

Estimativa do Ministério

Há estruturas que foram parar nas mãos de antigos funcionários e outros tornaram-se casas de comércio. O ministério já conseguiu recuperar sete salas. O Teatro Avenida em Luanda desapareceu dos planos e orçamentos do MCTA.

Segundo fonte do Ministério da Cultura Turismo e Ambiente (MCTA), o Estado perdeu o controlo de quase 30 salas de cinema e teatro em todo o País. Estas foram parar às mãos de entidades privadas e singulares, sem o ministério consiga explicar como é que saíram da tutela do Estado e são hoje propriedade destas pessoas. É o caso do cine São Paulo, N`gola Cine, Cine Tivoli, Karl Marx, Cine Alfa, 404 no Huambo e Marechal Carmona, no Uíge, Cine Monumental em Benguela entre outras.

O MCTA confirma que traçou um programa para recuperar todas as infraestruturas culturais que pertencem ao Estado, e segundo uma fonte da instituição, até hoje já foram recuperadas sete infraestruturas, onde está incluso e já em obras de requalificação, o Cine Monumental de Benguela.

Não se descarta a possibilidade de haver antigos funcionários do sector cultura, antes e no período pós-independência, terem transferido para sua propriedade estas infraestruturas, aproveitando as debilidades que se viviam na altura. Daí haver estes problemas de salas que foram ocupadas por privados, que hoje as gerem sem que na verdade tenham legitimidade para isso. Também em muitos casos venderam estas infraestruturas culturais para projectos imobiliários, o que levou ao seu desaparecimento.

Teatro Avenida

Do número considerável de salas que falta recuperar, está também o Teatro Avenida em Luanda. É um espaço que "o ministério quer descobrir também como foi parar na mão de uma entidade privada e quais foram as razões para ser demolido", disse a fonte.

A fonte que temos vindo a citar diz que "é um projecto que foi redimensionado e que está totalmente fora do atual mandato", e acrescenta que, "como faz parte do património cultural, também queremos descobrir como foi alienado e quais as cláusulas para que o Teatro Avenida fosse parar na mão de uma entidade privada.

Em janeiro de 2008, Carlos Vieira Lopes, antigo director nacional de Arte e Acção Cultural, anunciava publicamente que o Teatro Avenida seria demolido e daria lugar a um novo e moderno espaço que, além de outros serviços, albergaria galeria de artes, cinema e sala para teatro.

O Expansão visitou as obras na Avenida Rainha Ginga, na Baixa de Luanda, e constatou que no local, onde estava a antiga estrutura do Teatro Avenida, está a ser erguido um edifício que já tem 4 andares. Mas "as obras pararam em 2020", afirmaram os agentes de protecção física, escalados no local.

Um antigo funcionário que dirigia um departamento no Ministério da Cultura, revelou que a tutela, na altura liderada pelo ministro Boaventura Cardoso, tinha fechado um acordo com uma empresa africana para a construção, apetrechamento e gestão do espaço. "Um tempo depois da demolição e início das obras, o ex-Presidente da República José Eduardo dos Santos ainda visitou o espaço e tomou algumas medidas", relatou a fonte.

Avançou que depois de José Eduardo dos Santos ter deixado o poder, as obras andaram mais dois anos, depois a construtora foi obrigada a parar as obras por falta de financiamento, e "nunca mais se ouviu falar do andamento daquilo", disse.

Ao Expansão, o MCTA foi sintético na resposta em relação a esta questão, dizendo que "não há obras no Teatro Avenida". O que alinha com as declarações da nossa fonte quando afirma que "o Avenida Teatro não faz parte dos projectos que o ministério tem para o atual mandato".

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