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Economia

Consumidores estão mais pessimistas em relação à evolução da economia

ÍNDICE DE CONFIANÇA CAI PELA QUARTA VEZ CONSECUTIVA NO IV TRIMESTRE DE 2023

As famílias estão pouco confiantes para uma "corrida" à compra de casa ou carro. Apenas 11 em cada 100 agregados dizem ter a certeza que vão comprar ou construir casa, enquanto apenas 2 em cada 100 dizem que vão comprar um automóvel nos próximos dois anos. As famílias também estão mais pessimistas sobre a sua situação financeira nos próximos 12 meses.

O pessimismo dos consumidores sobre a evolução da situação económica e financeira das famílias no curto prazo continua a aumentar, de acordo com o indicador que mediu a confiança do consumidor (ICC) nacional no IV trimestre de 2023, publicado esta semana pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE).

O indicador de confiança dos consumidores caiu para -13 no IV trimestre do ano passado, o valor mais baixo desde o IV trimestre de 2019, registando uma tendência descendente nos últimos quatro trimestres consecutivos, o que demonstra que as famílias angolanas estão mais pessimistas sobre a situação económica e financeira do País.

Esta tendência resulta do contributo negativo de algumas das variáveis que compõem o indicador, nomeadamente a opinião sobre a situação financeira das famílias nos próximos 12 meses, que caiu de -1 para -12, bem como a opinião sobre a situação económica do país nos próximos 12 meses, que também caiu para -4, quando no III trimestre estava em terreno positivo (2 pontos).

Em relação ao desemprego nos próximos 12 meses, os consumidores estavam mais optimistas face ao período anterior. Já a situação económica actual das famílias, cuja opinião teve mais respostas negativas que positivas, voltou a cair (-14), à semelhança do que já tinha acontecido no trimestre anterior.

Desde 2019, altura em que começou a ser medido pelo INE, o ICC apresentou um comportamento descendente e atingiu o valor mais baixo no III trimestre de 2020 (-23). A partir daí, apesar de permanecer em terreno negativo, inverteu a marcha até atingir o valor mais alto de confiança no III trimestre de 2022 (-2). Essa melhoria na confiança das famílias angolanas verificada em 2022 deve-se ao período eleitoral, já que nesse ano o Tesouro Nacional "inundou" o mercado com divisas, o que resultou na apreciação artificial do kwanza, e com isto as importações aumentaram. E isso fez com que a taxa de inflação que estava 27,7% em Janeiro (em máximos de 55 meses) fosse desacelerando até cair para 13,9% em Dezembro de 2022.

E a factura chegou em 2023, logo após as eleições, o Tesouro parou de intervir no mercado cambial e os bancos comerciais passaram a ter acesso apenas a 600 milhões USD por mês, quando em 2022 a média de vendas mensais de divisas foi de 1,2 mil milhões USD. A falta de divisas face a procura que se manteve elevada fizeram com que o Kwanza depreciasse cerca de 39% em 2023, o que combinado com a queda das importações e efeitos da subida dos preços da gasolina, em Junho de 2023, fez disparar a taxa inflação para máximos históricos, e hoje já está acima dos 30% (ver página anterior). Assim, o quadro macroeconómico tornou- -se totalmente diferente, o que acabou por deteriorar a confiança do consumidor.

Em cada 100 angolanos apenas 2 pensam em comprar carro

No inquérito sobre a confiança do consumidor também são colocadas questões aos agregados familiares sobre poupança e expectativas sobre a aquisição de um bem valioso, como casa ou carro. Em resposta à questão "pensa comprar um carro nos próximos 2 anos?", apenas 2 em cada 100 inquiridos disseram que sim, com "certeza absoluta", enquanto 7 em cada 100 disseram que provavelmente sim e 28 admitiram que provavelmente não.

Quanto à aquisição de uma casa nos próximos 2 anos, face ao mesmo período de 2021, mais famílias responderam "sim, certeza absoluta" (11%). Já 43% têm a "certeza absoluta" de que não irão comprar casa nos próximos dois anos. Os outros 46% estão entre "provavelmente sim e não".

O Inquérito da Conjuntura no Consumidor tem como objectivo obter a opinião dos agregados familiares face a vários aspectos da conjuntura económica. Permite avaliar o nível ou o grau de confiança das famílias angolanas no que concerne à situação económica e financeira do País, bem como a dos agregados familiares.

As estatísticas de Conjuntura no Consumidor são produzidas com base nos inquéritos qualitativos de opinião de 3.000 famílias distribuídas pelas várias províncias do país, permitindo inferir sobre a análise e interpretação da evolução da situação económica e financeira das famílias num horizonte temporal curto, da situação económica do País no que diz respeito ao comportamento de algumas variáveis significativas, como desemprego e finanças e também sobre as expectativas de evolução da economia do país.

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