Economia angolana com maior crescimento num I semestre em 9 anos
Nos primeiros seis meses de cada um dos últimos sete anos o sector do petróleo apenas não afundou em 2022 e agora em 2024, o que acaba por catapultar a economia angolana para crescimentos bastante acima da média, já que a extracção e refinação de petróleo vale quase um terço do PIB nacional.
A economia angolana cresceu 4,3% nos primeiros seis meses deste ano face ao mesmo período de 2023, tratando-se do melhor semestre desde 2015, antes do início do ciclo de cinco recessões consecutivas (2016 a 2020), de acordo com cálculos do Expansão a partir das Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE). Em 2023, o crescimento no I semestre tinha sido de apenas 0,2%, o que também ajuda a explicar a expansão verificada este ano, já que a base do ano passado foi muito baixa.
E a culpa do crescimento em 2024 é principalmente do petróleo, cuja produção voltou a crescer no I semestre deste ano, depois de no mesmo período em 2023 ter afundado face ao período homólogo. Nestes primeiros seis meses, a extracção e refinação de petróleo disparou 4,7% face ao período homólogo, depois de em 2023 ter caído 5,4% face ao I semestre de 2022, sobretudo devido a paragens programadas e não programadas nos blocos petrolíferos. Isto porque 2022 foi um ano de alta de preços do barril de crude, tendo as petrolíferas, pressionadas pelo Executivo, literalmente "aberto as torneiras", o que acabou por se "pagar mais tarde", com a necessidade de reparações em alguns dos principais blocos do País.
O petróleo continua, assim, a ser o sector com maior peso no Produto Interno Bruto (PIB), apesar de ter vindo a cair nos últimos anos, devido ao declínio natural da produção, que já roubou mais de 700 mil barris de petróleo por dia em meia dúzia de anos à produção nacional. Este sector vale quase um terço do Produto Interno Bruto (PIB). Desde o I semestre de 2017, só por duas vezes este sector não caiu entre Janeiro e Junho, precisamente em 2022 e agora em 2024.
Quanto ao sector do Comércio, o que tem o segundo maior peso no PIB angolano, também cresceu neste primeiro semestre face ao período homólogo de 2022, concretamente 4,9%. Destaque também para o crescimento de 12,7% na Agro-Pecua ria e Silvicultura e de 11,8% em Outros Serviços, que engloba serviços de alojamento e restauração. Em sentido contrário, a empurrar a economia para baixo, apenas esteve um sector. Trata-se dos Correios e Telecomunicações, que em termos homólogos afundaram 9,4%.
O INE não justifica estas variações em termos semestrais, que resultam de contas do Expansão, mas fá-lo em termos trimestrais homólogos, avançando que o PIB no II trimestre deste ano cresceu 4,1% face ao mesmo período do ano passado. E o principal responsável é o "suspeito do costume", o petróleo, que cresceu 2,6%, com o INE a revelar que se deve ao aumento das quantidades extraídas de petróleo, LNG e de condensado. Já o sector dos diamantes cresceu 62,5% face ao II trimestre de 2023, com o INE a justificar este crescimento com o facto de a "baixa de preços, bem como a situação climática favorável" terem elevado a produção das empresas para fazer face aos compromissos de exploração.
A empurrar a economia para cima no II trimestre deste ano face ao período homólogo estiveram 12 sectores. Além do petróleo e dos diamantes, destaque para os sectores da denominada diversificação económica, como a Agro-pecuária e Silvicultura (3,8%), a Pesca (12,2%), a Indústria Transformadora (1,5%), uns com crescimentos mais substanciais que outros. Destaque ainda para o crescimento dos sectores da Electricidade e Água (10,5%), da Construção (1,3%), do Comércio (3,3%), dos Transportes e Armazenagem (9,8%), da Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória (3,6%), dos Serviços Imobiliários e Aluguer (3,0%) e de Outros serviços (4,9%).
Por outro lado, dois sectores caíram, nomeadamente os Correios e Telecomunicações (- -12,9%) e Intermediação Financeira e de Seguros (-0,9%), cujo Valor Acrescentado Bruto foi afectado por "uma queda na produção real dos bancos comerciais em torno de 7%, representando mais de 70% do sector, associado ao aumento dos preços.
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